Riscos para a estabilidade financeira aumentaram, diz Banco de Portugal

Incerteza política vivida em Portugal “é uma nova fonte de risco, apesar de mitigada pela expectável aprovação do Orçamento do Estado para 2024 proposto pelo atual Governo”.

Os riscos para a estabilidade financeira aumentaram, “refletindo a restritividade da política monetária, o abrandamento da atividade económica e, mais recentemente, a incerteza política”. O alerta foi dado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) no seu mais recente relatório de Estabilidade Financeira.

Segundo a entidade liderada por Mário Centeno, apesar da tendência de descida da inflação, “esta permanece acima do objetivo de médio prazo estabelecido pelo Banco Central Europeu”. E os conflitos militares na Ucrânia e no Médio Oriente, “acrescentam complexidade à condução de políticas, dado o potencial efeito sobre a inflação e a atividade económica” e “podem originar desvalorizações de ativos e subidas dos prémios de risco nos mercados financeiros internacionais”.

O banco central alerta ainda que o quadro de incerteza política vivido em Portugal “é uma nova fonte de risco, apesar de mitigada pela expectável aprovação do Orçamento do Estado para 2024 proposto pelo atual Governo”.

Os riscos decorrentes do contexto de acrescida incerteza “realçam os méritos do ajustamento que a economia portuguesa registou na última década, transversal aos vários setores institucionais, e apelam à manutenção dessa trajetória”, diz, destacando que os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira são a pressão acrescida sobre as contas das administrações públicas, o aumento do incumprimento das famílias mais vulneráveis, a dificuldade das empresas para assegurar o serviço de dívida, em particular das mais vulneráveis e a correção de preços no mercado imobiliário residencial.

Já o principal risco para o sistema bancário português “decorre de uma potencial materialização acrescida do risco de crédito de empresas e particulares”.

E por isso alerta que é “fundamental que o setor bancário continue a promover a sua resiliência a potenciais choques adversos, conservando o capital gerado organicamente, e que incorpore ativamente a digitalização e a transição climática nas suas análises de risco, tendo também presentes os desenvolvimentos regulatórios associados”.