Vivemos um tempo em que às dificuldades da conjuntura se soma agora a singularidade política de, a partir de uma maioria absoluta, entrarmos num tempo em que se cruzarão a estabilidade de um orçamento de Estado para 2024, que será aprovado, e umas eleições antecipadas, antecedidas da escolha de uma nova liderança para o Partido Socialista. É um tempo de mudanças, desafiante, em que o foco deve estar colocado no futuro, na construção serena, mas mobilizadora, das melhores opções para enfrentarmos com êxito o que temos pela frente.
Está nas mãos dos socialistas, transformar esta inusitada e inesperada circunstância, num momento de afirmação do melhor da nossa história, dos nossos valores e da capacidade de responder às necessidades presentes e futuras dos portugueses e dos territórios. Mais do que olhar pelo espelho retrovisor, é tempo de aprender com esse passado, mas sempre de olhos postos no futuro.
É com esse sentido de futuro que sempre estiveram as referências maiores do partido e os seus militantes, não falhando em momentos chave da vida do país.
É esse foco que nos deve animar, nas escolhas, nos debates e nas definições que realizaremos em eleições diretas com a participação dos militantes e num congresso nacional que tem de marcar o ponto de partida para as eleições de 10 de março.
O país precisa desse sentido de responsabilidade, que está presente na votação de um orçamento positivo para as pessoas e para o país, que permite a manutenção de dinâmicas fundamentais de investimento nacional e de aplicação do PRR e que é pressuposto para os caminhos que importa percorrer na justiça social, na valorização do potencial produtivo, na coesão territorial e na sustentabilidade.
O debate, a votação e o congresso têm de ser palco de debates serenos, substanciais e clarificadores que enunciem as opções sem ultrapassar as linhas vermelhas da banda larga de um sentido comum de serviço ao país que tem de ser afinado, revigorado e transmitido.
O resultado deste caminho prévio rumo às eleições legislativas antecipadas tem de ser o de um partido mobilizado na diversidade, assertivo no foco de transformação da sociedade portuguesa, com noção das realidades e dos equilíbrios e determinado em continuar a responder às pessoas e ao país com soluções sustentadas de melhoria das condições de vida.
Com as responsabilidades que assumi na organização do processo eleitoral interno e do espaço máximo de afirmação partidária, o nosso congresso, manterei o sentido de equilíbrio e equidistância que se impõe, com sentido de serviço ao partido, como parte relevante da democracia portuguesa. Apelo, por isso, à participação ativa de todos os militantes, na banda estreita das opções livres de cada um perante as candidaturas apresentadas, nas eleições internas de 15 e 16 de dezembro, sem nunca perder de vista que há um caminho que percorremos em conjunto, há trabalho por concluir e o Partido Socialista será sempre um referencial para o futuro. Na banda larga do país e da União Europeia, todos são precisos e fazem falta.
Como acontece no Mundo Rural, que acompanho com gosto e sentido de missão na defesa do potencial produtivo, a colheita depende em boa parte da sementeira que soubermos fazer agora, com o lastro da obra feita, a noção da necessidade de realizar ajustamentos e uma renovada ambição para o futuro que queremos. Somos e seremos sempre parte da solução.