Quem dentre vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra!

As juventudes partidárias formam autênticas “estrelas” do aparelhismo partidário, a promiscuidade invade os partidos e o oportunismo vinga sempre, fruto de uma cultura e vícios instalados de reversão complexa. 

António Costa demitiu-se por não reunir condições para continuar a ser 1º Ministro e fê-lo com dignidade. Pagou uma fatura pesada por ter protegido o Ministro João Galamba e enfrentado o Presidente da República quando se impunha demitir Galamba. Caiu, apesar de governar com uma maioria absoluta e sondagens favoráveis, ninguém estava à espera!

É aí que reside o maior problema, ninguém esperava a queda de Costa neste momento, e agora, não há uma alternativa devidamente preparada para governar Portugal. Portanto, não há motivos para festejos, o que se está a passar é muito preocupante e a incerteza quanto ao futuro que não se previa risonho, torna tudo muito mais difícil.

A sensatez e lucidez tão indispensáveis em alturas como a que vivemos, recomendariam que o Presidente da República aceitasse manter o PS no governo com um 1º Ministro impoluto e competente que o partido teria de indicar e a respetiva remodelação que se impunha, dessa forma, permitiria ao PS escolher o seu novo líder com tranquilidade e ao PSD pensar e preparar o melhor caminho para enfrentar eleições.

Mas o Presidente da República optou pela dissolução do Parlamento, deixando o atual governo à frente do País até início de Março. O cenário mais previsível será voltarmos a ser governados por uma geringonça à esquerda com protagonistas diferentes. Senão vejamos, ninguém vencerá agora com maioria absoluta e o líder do PSD voltou a frisar que não fará qualquer acordo com o Chega, o que inviabiliza de todo a formação de um governo à direita. Mas há outro cenário possível e ainda mais indesejável, que é o País ficar ingovernável…

Tudo o que está a suceder, vem descredibilizar, ainda mais, a classe política. O que não se previa tarefa simples, uma vez que se deixou de acreditar e confiar nos políticos há imenso tempo, fruto da desonestidade, incompetência e falta de qualidade de grande parte dos atores políticos da esquerda à direita.

As juventudes partidárias formam autênticas “estrelas” do aparelhismo partidário, a promiscuidade invade os partidos e o oportunismo vinga sempre, fruto de uma cultura e vícios instalados de reversão complexa. 

Há uma enorme podridão na vida política portuguesa, muita gente inútil a gravitar à volta do poder para sobreviver, seja a nível nacional ou a nível local, os vícios que urge combater são exatamente os mesmos.

Escusado será dizer que os Portugueses só têm o que merecem, porque permitiram e elegeram ao longo de décadas gente malformada, sem ética, desonesta, sem formação e incompetente, predominando o conformismo com as fatalidades que nos iam sendo impostas, a indiferença e alheamento visível nos números da abstenção e a clubite e cegueira partidárias ainda prevalecem num tempo em que todos sabemos que o facciosismo doentio tolda a racionalidade.

Tudo isto é demasiado mau, Portugal bateu no fundo.

Infelizmente, o problema não reside apenas num partido, mas praticamente em todos. É caso para dizer, quem dentre vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra!

Fernando Camelo de Almeida