No Museu da Acrópole, em Atenas, existe um espaço propositadamente deixado vazio para dizer alto e bom som aos visitantes: ‘É aqui que deviam estar as esculturas do friso do Partenon’. Mas as obras – a que os ingleses chamam ‘The Elgin Marbles’ (em parte para homenagear o homem que os levou para o Reino Unido, em parte para escamotear a sua proveniência) – encontram-se de pedra e cal no Museu Britânico, onde até foi construído um edifício próprio para as acolher. Os apelos à devolução têm subido de tom nos últimos anos e acabam de dar origem a um incidente diplomático. Depois de o primeiro-ministro grego, Kiriakos Mitsotakis, ter dito à BBC que metade das esculturas estarem em Londres (e as restantes em Atenas) era o mesmo que cortar a Mona Lisa ao meio, Rishi Sunak cancelou a reunião que tinham agendada. Sunak acusou o seu homólogo grego de “arrogância”, enquanto Mitsotakis contra-argumentou que os britânicos têm medo do debate. Um porta-voz de Downing Street declarou que as esculturas do século V a.C. foram adquiridas legalmente e estão “no lugar certo”, não havendo previsão da sua saída. Negociadas pelo diplomata Thomas Bruce, 7.º conde de Elgin, com as autoridades otomanas, que então controlavam a Grécia, os mármores começaram a ser levados para Albion em 1807. Na época encontravam-se em péssimo estado e foi a intervenção de Elgin, alegam os britânicos, que os salvou.
Friso do Partenon provoca incidente diplomático
Negociadas pelo diplomata Thomas Bruce, 7.º conde de Elgin, com as autoridades otomanas, que então controlavam a Grécia, os mármores começaram a ser levados para Albion em 1807