Ainda se arrumavam as decorações natalícias de 2022 quando o mundo foi surpreendido com a invasão aos três principais poderes no Brasil – o Congresso, o Supremo Tribunal e o palácio presidencial. E se janeiro começou com ataques à democracia, fevereiro registou o “pior desastre da Europa num século”, como descreveu a ONU sobre o sismo registado, no dia 6 daquele mês, na Turquia e na Síria, onde mais de 50 mil pessoas perderam a vida. No mesmo mês, a Ucrânia continuava a sua resistência à invasão russa, completava-se um ano desde o início da guerra e havia quem mostrasse que, até no meio das sirenes a alertar para novos ataques, a vida seguia.
Março chegava com novidades literárias bombásticas – não propriamente sobre novos autores ou títulos, mas com reedições de antigos livros, “adaptados às sensibilidades modernas”. Dos livros infantojuvenis de Enid Blyton aos policiais de Agatha Christie, o policiamento do politicamente correto chegou também recentemente à sitcom de sucesso Simpsons, com o anúncio de que Homer vai deixar de esganar Bart “porque os tempos mudaram”.
Em abril, águas mil, e foi precisamente dos céus que rebentou o escândalo ligado à TAP – com muitos milhares pelos ares.
Mas se era preciso uma pausa, esta chegou em maio, com a coroação de Carlos III – a primeira em 70 anos na monarquia britânica – a atrair a atenção não só do Reino Unido, mas da Europa e do mundo.
Apesar de tudo parecer estar longe de ser um Paradise, os Coldplay, em Coimbra, relembravam: Viva La Vida. E nada melhor do que o verão para isso mesmo.
Veio junho e com ele o dia 22: a Guarda Costeira dos EUA confirmava a morte dos cinco passageiros a bordo do Titan, o submarino que tentava alcançar os destroços do Titanic.
Sobrava, contudo, tempo para a fé. Os meses de julho e agosto colocaram Lisboa como destino principal a nível mundial, com a Jornada da Juventude a ser ponto de encontro de mais de um milhão de peregrinos.
Por sua vez, no desporto, Novak Djokovic conquistou o estatuto de desportista do ano com a conquista do 24o Grand Slam, após a vitória do Open dos Estados Unidos, em setembro – já tinha vencido em Roland Garros e na Austrália. Além do sérvio, Messi, em outubro, também teve tempo de regressar aos holofotes, com a atribuição da oitava Bola de Ouro, consolidando assim o trono de melhor futebolista de sempre.
Num mês em que o mundo foi abalado com um novo conflito, com a Guerra Hamas-Israel, pela mesma altura, mas em Portugal, reviviam-se tempos de realeza, com o casamento de Maria Francisca de Bragança e Duarte Sousa Araújo.
E a distração continuou com a polémica do concurso Miss Portugal, conquistado pela primeira mulher trans, Marina Machete, que viria a terminar já neste mês de novembro no top 20 das finalistas do Miss Universo.
Mas no meio de tanto rebuliço e de tantas manifestações ao longo dos últimos 11 meses, da educação à saúde e à habitação – às quais se juntaram cada vez mais em força os protestos pelo clima – ainda houve tempo para a demissão surpresa de António Costa.
E pensar que ainda falta dezembro…