“A probabilidade de uma recessão técnica no 2º semestre de 2023 recuou, mas o crescimento em 2024 deve ser modesto, num enquadramento externo fraco e com incertezas políticas internas a adiar algumas despesas de consumo e investimento”. O alerta é dado pelo Fórum para a Competitividade na sua mais recente nota de conjuntura.
Segundo o Fórum liderado por Pedro Ferraz da Costa, a atual crise política vivida em Portugal vai afetar a economia por três vias: “pela incerteza em geral; por passarmos a ter um governo de gestão provavelmente nos próximos seis meses; pela incerteza sobre a versão final do Orçamento do Estado para 2024”.
Incerteza que “deverá retrair consumidores e investidores, aguardando pela clarificação do cenário político, o consumo de bens duradouros e alguns investimentos poderão ficar suspensos”.
Na sua análise, o Fórum para a Competitividade defende que um Governo em gestão “tem poderes diminuídos, pelo que haverá certos dossiers que ficarão parados, tal como o novo aeroporto”. E dá ainda destaca para outros assuntos, como o PRR ou a habitação que “poderá abrandar o empenho em produzir resultados”.
O novo Governo, acrescentam, “certamente irá aprovar um orçamento retificativo para 2024, com alterações que poderão ser significativas, nomeadamente em termos de fiscalidade” e que “antes de este aspeto ser esclarecido, várias decisões de investimento preferirão aguardar”.
Olhando para os dados internacionais, o Fórum para a Competitividade reforça que está “a abrir-se a porta a uma eventual descida mais rápida das taxas de juro em 2024, mas o BCE está muito relutante em aceitar essa ideia, pelo que os estímulos que poderão decorrer daí deverão tardar a surgir”.
E detalha que, no trimestre terminado em outubro, a subida da prestação do crédito à habitação acelerou de 38% para 41,3%, o maior crescimento desde 2009 (início desta série do INE) enquanto a taxa de juro média foi de 4,43%, o máximo desde março de 2009. “Ainda assim, tem que se referir que a taxa de crescimento homólogo da prestação baixou ligeiramente, de setembro (41,9%) para outubro (40,5%)”.
Em resumo, lê-se na nota, “temos um enquadramento externo pouco dinâmico, incertezas políticas internas e dificuldades com as exportações de bens e serviços que é necessário acompanhar nos próximos meses. Assim, 2024 deverá ser um ano de crescimento claramente abaixo do potencial da economia”.