Rosário Partidário, presidente da comissão independente que está a estudar a solução para o novo aeroporto de Lisboa, admitiu que durante todo o processo houve “muitas pressões, mas do Governo nem uma”. No entanto, garantiu que não é possível “agradar a todos”.
Na apresentação do relatório, a responsável referiu que o trabalho foi feito tendo em conta o “primado do interesse nacional e não de qualquer grupo de interesses” e que teve em conta a perspetiva de longo prazo e a capacidade de adaptação, lembrando que a Comissão “é independente, sempre foi porque não tem preferências individuais ou pessoais a qualquer localização”, defende a necessidade de analisar a solução a longo prazo.
Alcochete e Vendas Novas são apontadas como as duas soluções viáveis para a CTI, sendo que Alcochete é a solução “com mais vantagens para hub intercontinental”, enquanto Vendas Novas “envolve expropriações”.
As duas opções, tanto o Campo de Tiro de Alcochete como as Vendas Novas seriam uma solução dual, com o aeroporto de Lisboa ainda a funcionar. No entanto, Alcochete destaca-se pela segurança aeronáutica, conectividade e desenvolvimento económico e investimento público e modelo de financiamento.
Na acessibilidade e território aparece o Montijo em primeiro (Alcochete em segundo) e na saúde humana e viabilidade ambiental, Vendas Novas em primeiro (Alcochete em segundo)
Por seu lado, Montijo e Santarém são vistas como soluções “inviáveis” porque não servem para hub internacional. Além disso, Santarém já tem problemas de ordem aeronáutica. “Santarém teria uma capacidade quase inferior à do Humberto Delgado”, afirmou Rosário Partidário.
Já a mancha de montado e recursos hídricos subterrâneos fizeram cair a localização Rio Frio/Poceirão. “Rio Frio não em condições ambientais para ser uma opção”, disse Rosário Partidário.
Ainda assim, admitiu que todas as opções são financeiramente viáveis. “Todas as opções são financeiramente viáveis, não sendo necessário financiamento público para a construção do novo aeroporto”, disse.
Modelo dual “é inevitável”
De acordo com a responsável, “o modelo dual é inevitável porque o aeroporto Humberto Delgado só pode fechar quando houver uma pista para o substituir”, lembrando que a ideia é “começar com um dual e depois evoluir para um modelo único”, para que Lisboa tenha um “hub intercontinental e este hub funciona melhor em aeroporto único”.
E referiu que a continuidade do Aeroporto Humberto Delgado está fora de questão uma vez que “não tem capacidade para crescer e está fora do eixo principal da rede transeuropeia, em que Lisboa é um dos polos principais”.
Quanto ao encerramento do atual aeroporto de Lisboa afirmou que terá de ser tomada uma decisão no futuro. Ainda assim, do ponto de vista ambiental referiu que ”deve fechar”, apesar de reconhecer que “é um ativou financeiro fortíssimo”, defendendo ainda que “é uma decisão que neste momento não é urgente para ser tomada, embora se deve perspetivar o seu encerramento”.
Rosário Partidário chamou ainda a atenção pata o facto de ser tomada uma decisão o mais rápido possível face à demora que leva a construção de um novo aeroporto. Um aeroporto não se faz de um ano para o outro. É preciso assumir que vai levar tempo. Quanto mais depressa for tomada a decisão, mais depressa se começa a fazer”, referiu.
E alertou: “Não se deve fazer aeroporto para dez ou 20 anos”.