Até parece que António Costa anda aflito com medo do PS perder as eleições por causa dele… Só assim se explicam as sucessivas “boutades”, como esta de atacar mais uma vez e ferozmente o Ministério Público e o Presidente Marcelo por causa da sua demissão, a partir de um parágrafo que sugere ter sido acrescentado, quiçá a pedido, no comunicado da PGR.
Falemos claro – já nem falo do seu grande amigo que afinal não o seria tanto porque “o Primeiro-Ministro não tem amigos” particularmente quando arguidos (acrescento eu), mas depois de ter sido encontrado dinheiro vivo no gabinete de Vítor Escária, que outro caminho lhe restaria? Continuar, como se nada fosse? Como sucedeu com diversos casos no seu mandato em que passou sempre pelos pingos da chuva? Nem falo dos incêndios ou de Tancos, mas por exemplo, na escolha gravosa que fez quando o seu anterior ´Secretário de Estado Adjunto’ Miguel Alves que, enquanto Presidente da C. M. Caminha, autorizou um pagamento de 300 mil euros a uma empresa sem qualquer “track record” reconhecido para construir um pavilhão multiusos e, oh surpresa… até agora, que se saiba, nem pavilhão nem dinheiro de volta?
Milagres não se repetem e desta vez não restava mesmo outro caminho a António Costa. Ele apresentou de imediato a demissão, mas, desde então, desdobra-se em afirmações (legítimas!) da sua inocência em todo e qualquer processo, seja Influencer ou qualquer outro, enquanto, simultaneamente, ataca frontalmente quem aceitou o seu pedido de demissão e não lhe fez o favor de aceitar a sua “Influencer” de Centeno como Primeiro-Ministro? Nem de propósito mesmo…
Para já, tem ocupado o espaço político e os candidatos à liderança do PS vêm arrostando com esta realidade que abafa as respetivas campanhas.
Pedro Nuno Santos vem tentando passar a mensagem que (1) afinal é um homem de convicções e absolutamente capaz de tomar decisões, apesar de não se lhe reconhecer qualquer obra feita e (2) isso de ter a imagem de um bloquista infiltrado no PS não é nada assim, mas, sempre que pode, vem indiciando a vontade de reeditar a Geringonça, certamente com PCP e Bloco no Governo.
Carneiro, um moderado que demonstrou, enquanto Ministro da Administração Interna, ser absolutamente capaz de resolver problemas bicudos nos segredos dos gabinetes, vem sendo desagradavelmente surpreendido por alguns pesos pesados do PS, que sempre foram contra a Geringonça, a aderirem à candidatura de PNS para estupefação de todo nós que ficamos a pensar que “há razões que a razão desconhece”.
Hoje, ninguém pode dizer qual será o futuro de Costa na política. Europa, Presidência, sei lá… Mas, seja qual for, uma certeza eu tenho: Costa entrou na campanha eleitoral do PS, erguendo a bandeira das “contas certas” a todo o custo e dos apoios aos carenciados (valores que a direita social jamais desdenharia desfraldar). Quanto à saúde, educação e justiça, como o aeroporto ou a TAP (com o ‘nacionaliza’ nuns dias e ‘privatiza’ noutros), são dossiers malditos que ficam para o futuro Governo resolver, deixando Costa e o PS profundamente nervosos, porque, se utilizados de forma impiedosa na campanha como lemas da oposição, poderão revelar-se determinantes para uma vitória clara da direita e, a prazo, o PS jamais lhe perdoará.
2. A propósito de “cunhas”, muito se tem falado no caso de duas gémeas brasileiras e do possível envolvimento do Presidente Marcelo neste caso que terá custado ao SNS cerca de 4 milhões de euros. No entanto, este já disse, alto e bom som, que processará quem afirmar (ou insinuar) que ele fez um telefonema que fosse no sentido de “Influencer” a consulta de ambas. Mas, para uma imprensa sensacionalista, uma esquerda maldizente e uma direita descrente do Presidente Marcelo, o desmentido nunca tem a força da notícia.
Agora, o seu filho tornou-se figura pública, acusado de ter sido ele que afinal andou pelos gabinetes a meter “cunhas”. Por absurdo, vamos lá admitir que sim. Então e quem aceitou tal “Influencer” passa incólume? Secretário de Estado, Ministra, Diretores clínicos, todos ficam “santos”? Nenhum destes sabe dizer uma simples palavra: “não”? Quem é mais culpado: quem quer influenciar ou quem tem o poder de dizer “não” mas decide “sim” só porque a influência terá um nome sonante?