Estudo avança com nova causa para enjoos graves na gravidez

“Agora temos uma visão clara do que pode causar este problema e uma rota para tratamento e prevenção”, disse o coautor do estudo, Stephen O’Rahilly, citado pela Nature.

Náuseas e vómitos estão associados à gravidez, principalmente no primeiro trimestre. Os casais que esperam um filho estão preparados para tal situação, mas algumas mulheres sofrem de casos extremos de enjoos matinais que necessitam de intervenção médica e até de hospitalização. Essa condição extrema é chamada de hiperêmese gravídica. Os cientistas agora associaram a condição a uma hormona chamada GDF15.

Esta hormona é libertada pelo crescimento dos fetos no útero da mãe. A descoberta pode ajudar milhares de mulheres que sofrem desta doença em todo o mundo. “Pela primeira vez, a hiperêmese gravídica poderia ser tratada na causa raiz, em vez de apenas aliviarmos os seus sintomas”, disse Tito Borner, psicólogo da Universidade da Pensilvânia, segundo a revista Nature. O estudo foi publicado na mesma revista no início desta semana. As descobertas podem abrir caminho para encontrar um tratamento eficaz para a hiperêmese gravídica.

“Agora temos uma visão clara do que pode causar este problema e uma rota para tratamento e prevenção”, disse o coautor do estudo, Stephen O’Rahilly, citado pela Nature. O’Rahilly é investigador de metabolismo na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O estudo sugere que mulheres que já apresentavam níveis elevados da hormona antes de engravidar não apresentaram reações adversas durante a gravidez. O estudo também sugere que, embora a GDF15 possa ser a causa da doença extrema, outros fatores também podem estar em jogo. A Nature mencionou no seu relatório que cerca de 70 por cento das mulheres grávidas experienciam o que é coloquialmente chamado de enjoo matinal, enquanto cerca de 0,3 a 2 por cento das mulheres sofrem de hiperêmese gravídica. A sua condição pode ser tão grave que podem até ter dificuldade em consumir alimentos e água e a condição pode impedi-las de realizar eficazmente as atividades quotidianas.

Houve casos em que a desidratação devido à hiperêmese gravídica resultou em mortes. O resultado final é que a condição pode ser mortal, na pior das hipóteses, e extremamente debilitante, na melhor das hipóteses. Os investigadores do estudo recente descobriu que 60 por cento das mulheres que sentiram náuseas e vómitos tinham níveis consideravelmente elevados de GDF15 no sangue. Também descobriram que as células fetais produziam a maior parte da quantidade desta hormona. Aprofundaram os dados obtidos de mais de 18 mil pessoas, percebendo que as mulheres que já apresentavam níveis elevados de GDF15 corriam menor risco de sofrer de hiperêmese gravídica caso engravidassem. Isto aponta para a possibilidade de que os corpos destas mulheres já possam ser tolerantes à hormona.

A observação precisava de ser confirmada e, portanto, os investigadores injetaram em camundongos não grávidos de um grupo um tipo de GDF15 de longa duração ou um placebo. Após três dias, administraram uma dose de GDF15 a todos os ratos. Descobriram que os ratos que receberam o placebo perderam peso à medida que comiam menos. Mas os ratos que receberam GDF15 anteriormente comiam normalmente e perderam menos peso. A pesquisa sugeriu que mulheres com baixos níveis de GDF15 podem receber doses da hormona quando estão a tentar engravidar. Isso, dizem os investigadores, ajudará a dessensibilizar as mulheres em relação à hormona e reduzirá as  de hiperêmese gravídica.