Patriarca Rui Valério: “As contas da JMJ foram exemplares e apontam para um superavit”

A JMJ foi um sucesso para Igreja e para Portugal, diz o Patriarca de Lisboa. E garante que dará frutos. 

Passados estes meses, e com algum distanciamento, que resumo faz das JMJ?

A Jornada Mundial da Juventude de Lisboa foi um sucesso para a Igreja, para Portugal e, sobretudo, para todas as centenas de milhares de peregrinos que aqui vieram e que aqui testemunharam o que é a experiência única de fé, de esperança, de comunhão e de paz. Não apenas a semana da Jornada, mas também todo o caminho percorrido de preparação revestiu-se de um tempo de graça, de festa e de renovação da juventude portuguesa. O que começou por ser uma experiência da comunidade católica, rapidamente se transformou numa realidade nacional e internacional que extravasou, em muito, as fronteiras da religião. O Papa Francisco foi o primeiro a dizer que “superou todas as expectativas” e que foi a Jornada “melhor organizada de sempre”. E isso só nos pode deixar a todos felizes.

Quais as mensagens que nos foram deixadas para que as JMJ não se resumissem a um único evento?

Diria que todas as mensagens deixadas pelo Papa Francisco prolongam no tempo esta Jornada e fazem dela muito mais do que um evento particular, realizado em Lisboa no início do mês de agosto. E foram tantas: desde logo, a primeira mensagem deixada no livro de honra da Presidência da República, em que o Papa chama a Lisboa “cidade do encontro” e faz votos de que ela “inspire modos de enfrentar em conjunto as grandes questões da Europa e do Mundo”. Depois, houve o grito de “não tenham medo” deixado a todos os jovens, assim como a ideia de que as dificuldades fazem parte da vida, porque “uma vida sem crises é como a água destilada, não sabe a nada”. E, claro, há o “Todos, todos, todos” – o lema desta JMJ, de um Papa que assume que a Igreja “não é uma alfândega”, mas antes é “Mãe de todos… há lugar para todos”, onde todos podem encontrar a alegria da conversão, da vida nova e da liberdade.

Quais os efeitos que as JMJ tiveram na Igreja Portuguesa?

Há efeitos imediatos, como a tomada de consciência – dentro e fora da Igreja – da força, da energia e da criatividade imensa que existe nas bases, nos movimentos e nas dioceses de todo o País. E, com enorme destaque, para o papel ativo da juventude católica portuguesa. E essa marca tem, naturalmente, frutos que se manifestam, desde logo na vontade de continuar o trabalho de organização e de mobilização do conjunto de toda a Igreja.

Em termos de vocações, maior número de leigos ativos, voluntariado, missões, etc. existem sinais de crescimentos ou maior envolvimento?

Neste momento, não há dados estatísticos ou resultados aritméticos que possam ser quantificados para uma resposta concreta a essa pergunta. D. Manuel Clemente, fala numa “geração 2023” que, naturalmente, resultará do impacto que a Jornada Mundial da Juventude teve e terá nos jovens portugueses. Como, novamente, referiu o Papa Francisco em Lisboa, para Deus “nenhum de nós é um número, mas é um rosto, é uma cara, um coração”. E em cada um dos peregrinos, a experiência de Cristo Vivo, vivida em Lisboa, é, sem dúvida, uma fonte de transformação individual. Que dará resultados e frutos.

Já têm números das contas das JMJ que se possam divulgar?

As contas finais da JMJ estão a ser ultimadas, seguindo os trâmites legais e serão encerradas no final do ano. Serão, como todos os relatórios e contas até agora realizados pela Fundação JMJ Lisboa 2023, auditadas por uma entidade independente. E posteriormente divulgados com toda a transparência, conforme foi por diversas vezes prometido pela direção da Fundação.

O resultado é positivo para a Igreja Portuguesa?

Tanto quanto é possível determinar até ao momento, as contas da JMJ Lisboa 2023 foram exemplares e apontam para a existência de um superavit. Este bom resultado é, acima de tudo, fruto de um rigoroso esforço de contenção de despesas por parte da organização, aliado ao apoio recebido por parte de parceiros e financiadores públicos e privados que nos apoiaram ao longo do tempo. É fruto ainda do generoso trabalho dos milhares de voluntários que ajudaram, ao longo de quatro anos, a preparar este gigantesco encontro do Papa com jovens de todo o Mundo. Sem estes três grandes esforços conjugados e solidários nada disto teria sido possível. E estamos muito gratos.