Nome fundamental da arte povera – e da arte da segunda metade do século XX -, Giovanni Anselmo morreu no início da semana aos 89 anos em Turim. «As minhas obras», dizia, «são a manifestação palpável de uma ação, da energia de uma situação ou de um acontecimento». Um bom exemplo disso é Torsione (Torção) (1968), da Coleção Berardo (atual Museu de Arte Conttemporânea/ CCB), obra que consiste de um pano de flanela torcido sobre si mesmo até ao limite, e de um ferro, colocado perpendiculamente, ferro esse que ao fazer pressão contra a parede impede o pano de voltar à sua posição natural. Com objetos simples deste género (se bem que extremamento engenhosos e complexos de montar), conseguia representar algo invisível, como a força latente e a tensão dos materiais.
Nascido em Borgofranco d’Ivrea, Anselmo cursou estudos clássicos e tornou-se um pintor autodidata antes de se dedicar à escultura. Juntou-se ao movimento da arte povera – literalmente ‘arte pobre’, feita com materiais comuns – e tornou-se um dos seus membrpos mais influentes. Em 1990 foi distinguido com o leão de ouro na Bienal de Veneza. Em 2024 o Museu Guggenheim de Bilbao vai dedicar-lhe uma importante exposição, e a sua obra estará representada também numa exposição de arte povera na Bourse de Commerce (Coleção Pinault), em Paris, no final do ano.