O Pedro é fixe!

Também sou responsável pela desgraça a que chegámos – também votei no PS. Por isso, não nos queixemos – temos o que merecemos.

Maquiavel dizia que cabe ao governo mentir e à oposição mentir ainda mais para lá chegar. Mas, já agora, podiam mentir com alguma vergonha na cara.
Vamos a factos: Desde que António Guterres tomou posse como primeiro-ministro (28 de outubro de 1995) até às próximas eleições (10 de março), passarão 10.362 dias. Desses, o PS governará 7.672 – melhor, desgovernou o país durante 74% do tempo.

Por três vezes o PSD governou em circunstâncias muito difíceis, com problemas gravíssimos nas finanças públicas e após colossais desastres socialistas. E ainda dizem, de punho no ar, ter soluções para o país? E vamos acreditar nisso? Não se resolvem os problemas com quem os criou.
E agora querem fazer-nos crer que vão fazer a renovação na continuação. Continuação de quê?

Dos mais de 2 milhões de portugueses na pobreza e em risco de exclusão? Dos 1,7 milhões sem médico de família? De doentes que morrem à porta do hospital e outros que se deitam no chão porque lá dentro não há cadeiras? De grávidas que dão à luz na estação de serviço? De médicos que não têm fardas para trabalhar nas urgências, como acontece no maior hospital do país?
E Carlos César acusa o líder da oposição de dislexia política?
Por o ainda primeiro-ministro ter horror a reformas? Por haver 1.200 idosos que vivem abandonados nos hospitais à espera de resposta social? Por terem acabado com as PPP, numa deriva ideológica da geringonça, quando tinham gerado poupanças de 300 milhões de euros?

E Pedro Nuno Santos acusa o presidente da Iniciativa Liberal de ser o radical?

Por acabarem o primeiro período escolar com 50 mil alunos sem professor? Por professores que têm de dormir no carro e tomar banho em balneários públicos? Por a grande maioria dos funcionários públicos se prepararem para perder até 7,8% do poder de compra? Por os serviços públicos se degradarem enquanto o Governo derrete 3,2 mil milhões de euros na TAP que agora vale apenas um terço?

E António Costa dizia que o CDS era o campeão do esbanjamento?
Por acharem que o Excel das receitas dos emigrantes para a Segurança Social justifica a política de portas abertas sem controlo? Por um empresário do Norte que foi selvaticamente agredido por indivíduos que tinha na empresa e não sabia que eram do PCC, o Primeiro Comando da Capital, a maior organização criminosa brasileira?

E Mariana Mortágua diz que o líder do Chega é o irresponsável extremista populista?

Mas o Pedro é fixe, porque tem mais um palmo do que Costa, tem encantamento, é mais bonito e debita na caldeira palavras em alta velocidade. Não importa o que diz, só como o diz. Sim, metade é o que é e a outra metade é o que parece, mas em política é cada vez mais o que parece e não o que é.

Enfim, também eu sou responsável pela desgraça a que chegámos – também votei no PS. Por isso, não nos queixemos – temos o que merecemos e em quem votámos. l

*As generalizações são sempre perigosas, porque nestes governos do PS houve excelentes ministros que não mereciam ser apeados antes do tempo. Tenho alguns por amigos.