Angola. Abandono da OPEP

Depois da Indonésia (2016), Catar (2019) e Equador (2020), foi a vez de Luanda deixar a organização que junta os países produtores de petróleo concorrentes dos EUA.

A15 de Setembro de 1960, em Bagdad, cinco países fundaram a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Foram eles o Iraque, o Irão, a Arábia Saudita, o Kuwait e a Venezuela. A Organização cresceu e chegou a ter 16 membros. Hoje, tem 13. Além dos fundadores, são: Líbia (entrou em 1962), Emirados Árabes Unidos (1967), Argélia (1969), Nigéria (1971), Gabão (1975), Angola (2007), Guiné Equatorial (2017) e República do Congo (2018). A Indonésia, o Catar e o Equador já foram membros, mas abandonaram entretanto a OPEP, respetivamente em 2016, 2019 e 2020.

Desde 2016, para melhor combater a concorrência americana, dez outros países são associados formando a OPEP+: Rússia, Cazaquistão, Bahrein, Brunei, Malásia, Azerbaijão, México, Sudão, Sudão do Sul e Omã. A eles se juntará em 2024 o Brasil. No seu conjunto, o cartel representa cerca de 44% da produção diária mundial de petróleo e 81% das reservas mundiais comprovadas. Em 1965, instalou a sua sede em Viena, na Áustria, onde se mantém.

A semana passada, Angola anunciou que se retirava da OPEP a partir do próximo 1 de Janeiro. O pomo da discórdia foi a imposição pela OPEP que os seus membros reduzissem, uma vez mais, as suas quotas de produção, de modo a suster e mesmo aumentar os preços mundiais de referência do crude.

Na sua reunião no fim de Novembro, a Arábia Saudita, líder de facto da OPEP, impôs essa redução, particularmente gravosa para Angola e a Nigéria. No caso angolano, a OPEP pretendia uma diminuição de 70.000 barris, de 1,180 milhões para 1,110 milhões de barris diários. Ora, face às dificuldades da sua economia, Angola pretende mesmo incrementar a sua produção, abrindo 50 novos campos.

O Governo de Angola já tinha lamentado que a OPEP tivesse abandonado a sua habitual regra de decisão por unanimidade, e tivesse frustrado as suas legítimas expetativas de utilização do seu mais importante recurso natural.

Ao fim de 16 anos em que foi um empenhado membro da OPEP, o Governo do Presidente João Lourenço assumiu uma corajosa atitude de defesa da sua soberania nacional, lida internacionalmente como um sinal da crescente aproximação política aos Estados Unidos da América.

Angola é o terceiro maior produtor de petróleo de África, depois da Argélia, com 1.474 mil barris diários e da Nigéria com 1.450 mil barris por dia.

A decisão angolana põe a nu a insatisfação e quebras na coesão entre os membros do cartel, mas não deverá ter grande impacto no panorama geral, já que os cortes aprovados se aproximam dos 5 milhões de barris por dia e Angola pretendia manter apenas 70 mil da sua produção atual. Para mais, a produção de Angola está muito próxima da sua capacidade máxima de extração hoje em dia. O aumentar do volume de produção petrolífera vai-se fazer, mas necessita de tempo e avultados investimentos.

Por isso, é difícil entender a teimosia e inflexibilidade da OPEP, e o deixar que o descontentamento atinja posições de rutura. Sobretudo quando correm insistentes rumores de que grandes potência mundiais no domínio dos hidrocarbonetos, como os Emiratos Árabes Unidos, não escondem a sua aversão a terem a sua produção limitada a 3 milhões de barris diários quando pode facilmente atingir os 5 milhões. Se o exemplo de Angola pega…