Árvore montada durante o ano inteiro. Quando é Natal todos os dias

A árvore de Natal é associada ao mês de dezembro e aos primeiros dias de janeiro, mas há quem a tenha montada e decorada durante o ano inteiro. Este é o caso de Natasha, Ana e Rita.

A tradição da árvore de Natal tem raízes antigas e evoluiu ao longo dos séculos, com contribuições de várias culturas. O uso de árvores durante o inverno tem raízes em antigas tradições pagãs, onde as pessoas decoravam árvores como parte de rituais de adoração ao sol, simbolizando a vida perene durante os meses frios. Na Alemanha medieval há relatos de árvores decoradas com maçãs durante a festa de São Nicolau (6 de dezembro). Essa prática evoluiu para incluir velas e enfeites.

Por outro lado, uma lenda popular atribui a tradição da árvore de Natal a Martinho Lutero, o reformador protestante do século XVI. Diz-se que, ao voltar para casa e observar as estrelas entre os galhos de um pinheiro, ficou impressionado com a beleza e, para replicar essa visão para a sua família, colocou velas nas árvores. A tradição da árvore de Natal foi introduzida em Inglaterra no início do século XIX pela rainha Charlotte, esposa do rei George III. A prática tornou-se mais popular na época vitoriana.

A tradição da árvore de Natal foi trazida para a América pelos colonos alemães e holandeses no século XVII, mas demorou um pouco para se tornar popular. Durante o século XIX, com o relato do Príncipe Albert (marido da Rainha Vitória) trazendo uma árvore de Natal para o Palácio de Buckingham, a tradição espalhou-se ainda mais. Inicialmente, as árvores eram decoradas com frutas, nozes e doces. Com o tempo, ornamentos feitos à mão, luzes elétricas e outros enfeites foram adicionados, criando a árvore de Natal que conhecemos hoje. Assim, a tradição da árvore de Natal é uma combinação de várias influências culturais ao longo dos séculos, e a sua prática continua a evoluir em diferentes partes do mundo.

No entanto, há quem a torne a ‘árvore de todo o ano’ e não somente a ‘árvore de Natal’. É o caso de Natasha Teixeira. “Foi muito simples. No primeiro Natal da pandemia, o meu filhote ficou muito triste por a família não se reunir toda e prometi-lhe que só desmontaria a árvore de Natal quando pudéssemos reunir-nos novamente. Longe de mim pensar que isto ia demorar tanto tempo!”, explica. ”Foi em 2020 e, desde então, nunca mais a desmontei. Já nos reunimos entretanto, celebramos todas as ocasiões, mas foi uma situação negativa tornado em algo bom!”.

“À medida que as luzes se foram estragando, fui mudando-as. E todos os anos mudo a estrelinha em cima. Estou a pensar em desmontar a árvore para o ano: nem que seja para mudar a decoração na totalidade e montá-la novamente!”, diz. “Tenho ouvido várias pessoas a dizerem que deixam a árvore de Natal sempre montada, mas imagino que seja por variados motivos. Há quem altere a decoração consoante a época do ano, por exemplo: Páscoa, Halloween, Natal… Esta época sempre foi especial para mim. Mesmo no Natal em que não estive com a minha família, fizemos a ceia por Zoom e a abertura de prendas também”.

Quem altera a decoração ao longo do ano é Ana Pereira dos Santos. “Tenho um bocadinho de Natal durante todo o ano! Sinto-me feliz e os miúdos também. Além de termos a árvore montada, vamos pondo presentes debaixo dela quando podemos e nos apetece. Fazemos a troca e, realmente, vivemos momentos muito especiais. Como também fazemos refeições com a família alargada regularmente, posso mesmo dizer que se vive o Natal aqui em casa durante os meses todos. E é tão bom ter essa oportunidade. Sempre adorei o Natal e acho que o adorarei até ao fim”, frisa.

“Os meus filhos foram crescendo e decidi comprar uma árvore branquinha que tem luzinhas nas pontas. Serve de candeeiro, no fundo! Deixo-a sempre na sala há quatro, cinco anos, não sei precisar. Tiro as bolas e as luzes na altura dos Reis. No final de novembro, volto a decorá-la”, conta Rita Lemos Castro. “Quando as pessoas vêm cá a casa, dizem ‘É Natal, é Natal!’ e eu respondo ‘Não, é o meu candeeiro!’ [risos]. Penso continuar com esta tradição até a árvore deixar de funcionar! A primeira coisa que faço quando entro na sala é acendê-la. O Natal era especial para mim até começarem a falecer pessoas. O meu pai morreu este ano e não tenho muita vontade de celebrar esta quadra. Mas não quero dramatizar: há que manter o espírito natalício”.

Os dados e as árvores reais/ naturais Embora não existam dados apurados em Portugal em relação ao comércio de árvores de Natal, existem em outros países. De acordo com dados da Nielsen Research, obtidos em 2011, aproximadamente 21,6 milhões de árvores reais e 12,9 milhões de árvores artificiais são compradas pelas famílias dos EUA na época de Natal. A Nielsen entrevistou quase 30.000 famílias nos EUA em nome da American Christmas Tree Association (ACTA) e também descobriu que o custo médio de uma árvore real era de 46 dólares (42 euros) e o custo médio de uma árvore artificial era de 78 dólares (71 euros).

Além disso, as famílias gastam um total de 984 milhões de dólares na compra de árvores de Natal reais, mas gastam uns surpreendentes 1,01 mil milhões (920 milhões de euros) de dólares na compra de árvores de Natal artificiais nesta temporada. A pesquisa também descobriu que 11% dos lares dos EUA exibem árvores reais e artificiais, indicando uma tendência crescente de celebrar o Natal com mais do que uma árvore de Natal.

Vinte e nove por cento dos agregados familiares inquiridos compraram a sua árvore verdadeira num lote de árvores por um custo médio de 48 dólares por árvore (43 euros). Vinte e quatro por cento compraram a sua árvore numa uma fazenda de árvores por um preço médio de 46 dólares. Dezasseis por cento foram compradas numa loja de materiais de construção/faça você mesmo por um preço médio de 44 dólares (40 euros), sete por cento foram comprados num Garden Center por um preço médio de 53 dólares (48 euros) e sete por cento disseram não ter certeza de onde a árvore foi comprada. Os 17% restantes das árvores foram comprados em vários outros locais.

Segundo a British Christmas Tree Growers Association, estima-se que seis a oito milhões de árvores de Natal sejam vendidas no Reino Unido todos os anos. “Uma verdadeira árvore de Natal comprada localmente tem a menor pegada de carbono. O Carbon Trust afirma que uma árvore de Natal real tem uma pegada de carbono ‘muito menor’ do que uma árvore artificial, especialmente se for descartada de maneira cuidadosa’”, explicam, afirmando que uma árvore de Natal natural de dois metros, sem raízes, descartada em aterro gera uma pegada de carbono de cerca de 16kg de CO2.

Se a árvore do mesmo tamanho for eliminada, queimando-a numa fogueira, plantando-a ou cortando-a para espalhar num jardim, terá uma pegada de carbono de cerca de 3,5 kg de CO2 – uma pegada de carbono impressionante quatro vezes e meia menor.

Uma árvore de Natal de dois metros feita de plástico tem uma pegada de carbono de cerca de 40kg de CO2, mais de 10 vezes maior que a de uma árvore real, descartada adequadamente. Ao contrário das árvores artificiais, uma árvore de Natal real absorve naturalmente CO2 e liberta oxigénio e a Soil Association também destaca como uma árvore real fornece um habitat para a vida selvagem e captura carbono da atmosfera durante os 10-12 anos que demoram a crescer. “Ao contrário das árvores artificiais, as árvores reais também podem ser recicladas. Muitos membros do BCTGA e concelhos locais em todo o país oferecem serviços de recolha de árvores de Natal, onde as árvores de Natal usadas são recolhidas e recicladas. Não há necessidade de se preocupar com o desmatamento ao comprar uma árvore de Natal natural, porque a maioria é cultivada pelos membros da BCTGA como cultura hortícola e não é derrubada de florestas pré-existentes”, dizem, finalizando que “quando uma árvore de Natal é cortada, ela é imediatamente substituída por outra muda, sendo plantadas até 10 árvores para cada árvore de tamanho médio cultivada”.