Presidenciais dos EUA são o principal risco geopolítico do ano

A análise resume as eleições como “um confronto entre líderes que consideram o outro o principal adversário que representa uma ameaça existencial”.

As eleições presidenciais dos EUA, marcadas para novembro, são o principal risco político do ano. A classificação é da consultora Eurasia num relatório publicado esta segunda-feira, no qual analisa as consequências da vitória de Donald Trump ou de Joe Biden.

“Embora as forças armadas e a economia dos Estados Unidos continuem a ser excecionalmente fortes, o sistema político norte-americano é mais disfuncional do que o de qualquer outra democracia industrial avançada”, refere o relatório. “Em 2024, o problema vai agravar-se muito mais”, acrescenta. 

Segundo os autores, “as eleições presidenciais irão aprofundar a divisão política do país, pondo à prova a democracia americana”. O  fundador do Eurasia Group, Ian Bremmer, e o presidente, Cliff Kupchan,antecipam que a “perspetiva de uma vitória de Trump vai enfraquecer a posição dos Estados Unidos no plano mundial”, prevendo um enfraquecimento no apoio à Ucrânia, uso de instituições para perseguir adversários políticos, mais protecionismo comercial e imprevisibilidade na política de Defesa.

O relatório considera a vitória dos Democratas pela mão de Joe Biden “improvável”, a qual resultaria numa “crise política sem precedentes” uma vez que será considerada ilegítima e fraudulenta pelos Republicanos. A análise resume as eleições como “um confronto entre líderes que consideram o outro o principal adversário que representa uma ameaça existencial”.

Na apresentação do relatório, Bremmer apontou que “Biden vê Trump como uma ameaça existencial à democracia, Trump vê Biden como uma ameaça existencial a si próprio. E na perspetiva de Trump, isso é mais importante do que a democracia”.

A Eurasia produz anualmente um relatório sobre os principais riscos geopolíticos mundiais e assinala entre estes a crise no Médio Oriente, a guerra na Ucrânia dividida, o avanço da Inteligência Artificial, o reforço da aliança entre Rússia, Coreia do Norte e Irão e a demora na recuperação económica na China.

O crescente apoio aos partidos de extrema-direita e populistas na União Europeia (UE) é também destacado no relatório.

Os autores receiam que “consenso centrista que definiu a ordem europeia do pós-guerra possa vir a ser quebrado em 2024” e que “os efeitos adversos da economia, as pressões migratórias, um certo cansaço da guerra na Ucrânia e a desacordo no seio da UE fazem temer uma vitória dos populistas nas eleições para o Parlamento Europeu em junho”. 

Apesar de admitir problemas em diferentes países individualmente, os analistas da Eurasia duvidam que eurocéticos e populistas conquistem uma maioria no Parlamento europeu