Gisela João. ‘O fado é a melhor tradução da vida’

Cresceu em Barcelos – o que lhe permitiu construir a sua própria visão sobre o fado. Em pequena, ao ouvir Amália, julgava que a cantora lhe traduzia a vida. Considera-se um furacão. É intensa, densa e complexa. Inspira-se nas pessoas reais e é uma inquieta por natureza. Este ano, completa 10 anos de carreira e,…

Quem é a Gisela fora dos palcos? Não existe uma Gisela que está nos palcos e outra que está fora dos palcos… Isso foi uma escolha que eu tomei desde o primeiro dia. Sempre percebi que seria mais fácil se o boneco que eu tinha de manter fosse o verdadeiro. Quando eu faço um concerto e há amigos meus que lá estão, ou quando faço uma entrevista e eles a veem, adoro que me digam: ‘É incrível, porque parece que estás comigo. És tu!’. Foi mesmo uma escolha minha. Portanto, a Gisela que está no palco até é capaz de estar mais “despida” do que aquela que está na vida.

E em termos temperamentais? (risos) Eu sou um furacão! Às vezes não consigo ter mão em mim. Eu sou muito densa, muito intensa.

Sente que mudou muito desde que lançou o seu primeiro disco aos 30 anos? Nessa altura, onde é que ambicionava chegar? Não mudei muito. Nunca tive esse tipo de ambições. A minha carreira e a minha vida parecem uma coisa saída das fábulas. Nada na minha vida me ditava que eu iria fazer o que faço, que iria alcançar coisas que alcancei. Portanto, tudo aquilo que me foi acontecendo foi, para mim, quase sempre como um sonho. Como se eu não acreditasse que me estava a acontecer. Quase como se eu achasse que não iria durar. Aceitei sempre tudo aquilo que me aconteceu de bom grado. Às vezes até penso que se um dia fizesse um filme sobre a minha vida ou escrevesse um livro que seria uma coisa muito do género da Gata Borralheira, ou Cinderela.

Nasceu em Barcelos em 1983. Como já disse em várias entrevista, quis ser bailarina, cozinheira, designer de moda… Mas depois surgiu o fado… Ouviu a Amália a cantar ‘Que Deus me Perdoe’ e achou que a cantora estava a contar a sua vida… “Se a minh’alma fechada/ Se pudesse mostrar/ E o que eu sofro calada /Se pudesse contar/ Toda a gente veria /Quanto sou desgraçada/ Quanto finjo alegria /Quanto choro a cantar”. Há muito peso aqui… (risos) Pois há! Mas a vida que nós vivemos não está relacionada necessariamente com a idade que temos. O facto de estarmos expostos a determinadas coisas, faz com que hajam momentos que nos fazem crescer de forma imediata e muitos anos. Eu sei que às vezes pode dar a sensação que eu falo muito da minha vida privada, mas não falo nada. Não gosto de comprometer outras pessoas que não têm culpa de eu ser uma figura pública. Um dos meus objetivos, e acho que tenho conseguido manter até hoje, é que se as pessoas gostarem de mim é pelo meu trabalho. Mas essa questão da idade e da exposição a determinadas coisas, dos meios onde estamos integrados, faz muita diferença na interpretação da vida e, por consequência, na interpretação da poesia. Quando ouvi aquela música, teve um impacto muito grande em mim, senti-me realmente traduzida.

O que é que mais recorda da sua infância… É a mais velha de sete irmãos e teve de começar a cozinhar aos 8 anos… Como é que foi a infância? Tenho tantas memórias… Crescer em Barcelos acho que foi a melhor coisa que me podia ter acontecido para eu fazer aquilo que eu faço: cantar o fado. O facto de crescer longe do berço do fado, das casas de fado, da cidade grande, deu-me a possibilidade de ir construindo na minha cabeça e sozinha, aquilo que era o fado. Acho que isso me deu uma liberdade de construção artística que se eu tivesse crescido aqui, em Lisboa, não teria tido. Estaria um pouco condicionada à partida.

Se és uma miúda, vais a uma casa de fado e vês os mais velhos a cantar, tens exemplos. Olhas para aquilo… Eu não tinha. Os exemplos que eu tinha eram ouvidos nas músicas e ia construindo os cenários na minha cabeça daquilo que era o fado para mim. Outra coisa de crescer em Barcelos que eu acho muito incrível é a noção do país real, a noção de como se chega às pessoas de facto, ao povo. Eu cheguei a vender na feira, há uma linguagem de povo que é de onde eu venho!

Foi a sua mãe que lhe passou o gosto pelo designer. Já contou que ela, no seu trabalho, encontrava um espacinho para lhe fazer algumas peças… A Gisela começou a costurar muito nova? Ai sim! (risos) Muito cedo! Lembro-me que andava na escola primária e já alterava peças de roupa. Andava no ciclo e já fazia peças minhas… Uma vez fui expulsa de uma aula porque virei umas calças de ganga ao contrário. Cortei-as dos lados e cozi-as depois com o avesso virado para fora. Fui expulsa porque a minha professora dizia que eu não estava bem vestida… Achou que aquilo era uma afronta… (risos) Não era mesmo!

Estava a criar a sua identidade…Sim e eu acho que isso é transversal a toda a gente. Quando estamos naquela altura da adolescência estamos em busca daquilo que somos, queremos afirmá-lo com muita veemência e queremos ser revolucionários, descobrir coisas.

Há dois anos criou a sua marca… Era algo que ambicionava desde pequena? Agora está em pausa, porque não consigo ter tempo para tudo! Na primavera-verão aparecerá de novo. Eu acho que a roupa é uma forma de expressão muito forte e a mim sempre me deu muito gozo brincar com os panos, com as texturas, com os materiais. Procurar traduzir-me também por aí. Ajudar os outros a traduzir-se. Sempre me fascinou. Tenho sempre agulhas e linhas perto de mim.

Diz também que não decidiu seguir a música, que foi a música que “a escolheu”. O que há de tão especial nela? Acredita que a música salva vidas? Sim! Acredito muito nisso! A música é a coisa mais séria que eu tenho na vida! Por isso é que, às vezes, todo o processo é tão absorvente. O processo de fazer um concerto, construir um disco… É tão sério para mim que se não for para fazer como eu sinto que tem de ser, não faz sentido.

Porque quando se mudou para o Porto queria estudar design de moda…Queria mas não consegui, porque tinha de ganhar dinheiro para as contas. Não conseguia fazer tudo.

Uma amiga viu um anúncio na RTP 2 e inscreveu-a. Gravou um disco durante dois anos que nunca saiu. Como lidou com isso? Sentiu alguma frustração? Não! Zero!

Mas isso foi o princípio de tudo? Não, até acho que é mesmo aquela coisa que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Acho que as coisas foram mesmo como tinham de ser…

Veio morar para Lisboa em 2010. Foi difícil essa transição? Quando é que a música surge profissionalmente na sua vida? A Maria da Fé convidou-me para vir cantar para o Senhor Vinho e eu vim! Fiz as malas e vim! Muito assustada, mas vim. É uma coisa que tenho reconhecido em mim. Fico muito assustada, mas o medo não é uma coisa que me bloqueia. Vou com medo, mas vou. Não me paralisa. Vim e foi a partir daí… Mesmo assim, nos dois primeiros anos ainda pensava: «Isto é só um sonho que eu estou aqui a viver. Estou a experimentar!». Mas, de facto, ela escolheu-me.

Fala de medo… A adaptação para a grande cidade foi complicada? No primeiro ano sim, mas acho que é transversal a toda a gente que venha de um lugar mais pequenino. Depois também há uma questão cultural e de linguagem. A língua é a mesma, mas as coisas são diferentes. Lembro-me que vivia na Mouraria e um dia decidi ir dar um passeio. Estava na Praça da Figueira e aflita porque não sabia como ia para casa… Mas estava mesmo ali ao lado.

Sentiu algum tipo de preconceito relativamente ao sotaque, à forma de estar? Não! O que eu senti (não acho que as pessoas fizessem isso por mal) é que, por eu não ser daqui, eu não percebia de fado. Cheguei a sentir isso, mas não foi uma coisa maldosa.

Já revelou que, de 2013, quando lançou o seu primeiro disco, até 2017, era a vida que a vivia. Que estava engolida. Porquê? Sente que isso é comum à maior parte dos artistas? Não posso falar pelos outros e é uma coisa que eu gosto muito pouco de fazer… Mas falo por mim e, sim, senti isso durante esse tempo. Durante muitos anos a vida andou a viver-me a mim. Isso é muito claro hoje em dia, quando olho para trás. Até há pouco tempo, era isso que acontecia. Acho que infelizmente é o que acontece à maior parte da população. É uma pescadinha de rabo na boca, onde é muito difícil termos distância para perceber onde estamos, perceber que isso nos está a acontecer. Ainda por cima agora, nos últimos anos, as coisas estão complicadas para toda a gente. Sinto que as pessoas sobrevivem mais do que vivem. Precisam de pagar contas, precisam de trabalhar. Não conseguem ter tempo para se questionar, para perceber o que é que realmente gostam, se fazem certas coisas apenas por repetição, ou porque a matilha em que estão inseridos faz… Isso é uma coisa que me ocupa muito tempo, porque eu sinto que o meu trabalho, aquilo que eu mais gosto de fazer na vida, tem um papel fundamental: fazer com que as pessoas se questionem e se sintam vivas.

Como é que se lida com expectativas dos outros, vender cd’s, fazer concertos, gerir os níveis de adrenalina…? Tem de se saber parar? (risos) Como é que se gere isso? (suspiro) Não sei se tenho uma boa resposta para isso… Acho que se vai gerindo, acho que é preciso conseguir parar para entender no que é que se acredita, o que é que está cá dentro, o que é que é mesmo importante para seguir caminho. São muitas mãos a puxar muitas cordas ao mesmo tempo e é muito fácil ficar-se um bocado perdido ou fascinado com as coisas. E, de repente, fazer-se caminhos que realmente não eram aqueles que não queríamos mesmo. Eu sempre fui muito pés na terra, claramente pelo sítio de onde venho.

São 10 anos de carreira… Já aprendeu a dizer “não”? Tenho aprendido nos últimos dois anos. É muito difícil, não é só para mim. Acho que todos nós crescemos numa sociedade em que queremos agradar, principalmente nós mulheres. Queremos agradar, ser queridas, sentirmo-nos desejadas. É tudo muito complexo e está tudo muito interligado, seja na profissão que for. Isto tem uma relação muito direta com o facto de se ser mulher e de vivermos num país muito católico. Isso tem um peso muito grande! A questão da culpa, da permissividade: «Desculpe, ai, desculpe, desculpe, desculpe!». É quase como se tivéssemos de estar constantemente a pedir desculpa por aquilo que somos, a ter de ser agradáveis. A dada altura da minha vida eu percebi que a maior parte das vezes que eu dizia “sim” aos outros, eu estava a dizer um “não” a mim própria.

A boicotar-se…Isso mesmo… É um processo muito complicado de se fazer. Tenho pessoas muito próximas que não têm nada a ver com o mundo da música e que passam por isso também. As situações são idênticas.

Em dia de concerto gosta de estar calada, sozinha o dia inteiro. Esses lugares de silêncio são difíceis de encontrar atualmente? Para mim não, porque eu sou muito obcecada com o silêncio. Sei onde é que o tenho. A minha casa é um lugar de silêncio, por exemplo. E eu gosto muito de estar em casa também por causa disso. O silêncio é muito necessário para nós conseguirmos criar. Para mim é hiper necessário. Eu sou uma comunicadora por natureza, adoro conversar, falo muito… Às vezes dou por mim a pensar: «Caramba, já te calavas um bocadinho, não?». (risos) Mas também gosto muito do outro extremo. O silêncio é que me faz andar para a frente.

Então é nesse lugar de silêncio que se dão os seus processos criativos… Completamente! Às vezes as pessoas que frequentam a minha casa dizem-me: «Caramba! Estás aqui a tarde inteira em silêncio?!». Pois estou… Porque há muito barulho na minha cabeça, há muitas músicas a tocar ao mesmo tempo, frases, imagens. A minha cabeça está sempre ligada a tudo. Tenho sempre muito ruído na minha cabeça. O silêncio permite-me organizar esse ruído, encontrar sentido para as coisas.

‘Aurora’ é o seu último disco, foi a primeira vez que escreveu e cantou as suas músicas. Isso torna o nosso trabalho ainda mais nosso? Foi até às entranhas? Eu vou sempre até às entranhas, mesmo que o poema não tenha sido escrito por mim, ou que a música não tenha sido feita por mim. Mas há uma diferença, de facto. Faz mais diferença para mim do que para o público. Aquilo que eu sinto que sempre me caracterizou bastante é que os poemas podem não ser meus, mas passam a ser meus quando eu os canto. Isso é uma coisa que me dá muito gozo. Eu interpreto-os com tudo aquilo que já vivi. Portanto, a diferença de cantar poemas que não são meus é mais para mim.

Sente que a inspiração vem quase sempre de lugares de dor? O disco é muito intenso…Não… Pelo menos para mim. Por acaso uma vez estava a pensar sobre isso… Perguntaram-me qual é que é a minha maior inspiração. Foi e sempre será a vida que eu vivi e a vida das pessoas reais. As pessoas que se cruzam comigo na rua, que eu conheço. A vida fascina-me! Fascina-me a complexidade do ser humano, esta coisa de um grupo de pessoas crescer no mesmo sítio, viver na mesma casa e terem personalidades diferentes, gostos diferentes. Acho que isso é das coisas mais inspiradoras.

Há aquela ideia de que o fado é sempre triste. Existe uma resistência a outras formas de vê-lo? Não, não acho! (risos) Há uma grande diferença entre a tristeza e a densidade. Há fados que têm letras de chorar a rir e que têm harmonias em tom maior, harmonias alegres. A própria melodia, mesmo que ninguém esteja a dizer palavras, é em tom maior. Uma coisa mais luminosa. Como também claro que existem fados mais tristes… Por isso, eu acho que o fado é a melhor tradução da vida, da personalidade e identidade dos portugueses. Acho que ele não é triste, é denso e intenso. E, essa intensidade, cabe na tristeza assim como cabe na alegria. Acho é que no fado não há lugar para água mornas, para meio termo.

Os vídeos que acompanham as músicas do álbum têm uma transição poética. Como é que as coisas foram pensadas? A ideia inicial era que os vídeos contassem uma história, que houvesse uma narrativa e que funcionassem quase como uma curta-metragem. Na altura, não tínhamos condições para fazer aquilo que eu sonhava mesmo, mas a ideia continuou a mesma. Se as pessoas seguirem os vídeos, há uma história com princípio, meio e fim! Agora… Eu gosto muito de conceitos, sou altamente conceptual, não consigo fugir disso. E tenho noção que, às vezes, a história pode não estar tão descarada, que se possa aprender um bocadinho… Mas também me dá gozo fazer com que as pessoas vão descobrindo as coisas aos pouquinhos, que as coisas lhes vão fazendo sentido aos poucos. Lá está… Gosto de estimular.

O que é para si ser-se mulher? Acho que ser-se mulher agora é o mesmo que ser-se mulher em 2010, ou no ano 2000. A narrativa do mundo foi mudando, mas acho que para se ser mulher em 2024, é preciso ter uns ovários muito grandes, muito fortes. De repente as coisas parece que começam a fazer uma curva e a voltar para trás… É muito assustador perceber que isso está a acontecer de uma forma muito precisa, mas muito discreta também, o que é ainda mais assustador. Isto em relação aos direitos… Se eu há pouco dizia que a vida das pessoas é aquilo que sempre me inspirou, faltou-me aqui uma coisa… A vida das mulheres então… Mas não tinha como não ser assim. Tal como disseste, tenho muitos irmãos, mas somos 4 irmãs, mulheres, com muitas tias, avós, muitas vizinhas. Muitas mulheres! E desde muito pequena sempre achei muito fascinante a forma como as mulheres fazem rodar o mundo. A verdade é essa. Também há muitos homens que fazem rodar o mundo, há sim senhor! Mas eu acho que na base, são sempre mulheres. Uma das coisas que me deixa mais feliz na vida é ter a plena noção que criei três homens (os meus irmãos) de uma forma feminista. Se calhar não sabem que o são, mas a forma como tratam as mulheres e como vivem a vida deles, é feminista. E há uma ideia muito errada de se usar esta palavra. É um termo que às vezes afasta pessoas que, sem saberem, também são feministas… Deixa-me muito triste isso. O mundo está como está, uma desgraça, precisamente por causa desse tempo e dessa energia desnecessária que é gasta entre esta questão. Tentam quase anular, controlar uma parte da população. O mundo só tinha a ganhar se as mulheres ganhassem o mesmo do que os homens, se tivessem acesso aos mesmos lugares de poder que os homens. Se fosse igual. Na verdade, o que uma feminista quer é paridade.

E na indústria da música? Sentes que ainda existem muitas desigualdades? Claro que sim! E acho que não são nada camufladas. É muito claro. É fácil percebermos que na área técnica só nos últimos anos é que começou a haver espaço para as mulheres. Nos instrumentos, na formação de bandas, nos próprios caminhos em ascensão. As coisas quando são feitas por homens, acabam por ser mais “fáceis”. Outra coisa é sentir que as cantoras são muito sexualizadas. Há uma carga sexual posta em cima da mulher que não faz sentido. Aquelas coisas que todas nós já ouvimos na vida: «Ah ela canta bem e tem umas mamas do caraças!», por exemplo. Todas nós já ouvimos comentários desses. «Esta conseguiu porque foi para a cama com não sei quem!». Esse tipo de coisas nunca se ouvem em relação ao sexo masculino.

10 anos de carreira. Qual o balanço que faz deste caminho? Parece um sonho, mas o que eu quero é fazer uma grande festa com o meu público. Uma festa com a minha equipa. Uma celebração! Celebrar a vida, celebrar a música!

Tem algum momento que mais a tenha marcado neste tempo? Não consigo escolher… Sou muito grata, sou muito intensa. Eu fico muito feliz por cada concerto que faço, cada sala a que vou. É sempre especial para mim. Agora o facto de, por causa da música, ter a possibilidade de conhecer o mundo, tanta gente de tantos países, mostrar-lhes a música do meu país, aquilo que significa ser português, é muito especial. É uma das coisas mais incríveis que a música me deu.

Vai celebrar os 10 anos de carreira com dois concertos, um em Lisboa (no espaço 8 Marvila, a 20 de janeiro) e outro no Porto (no próximo dia 27, no Museu do Carro Eléctrico). O que é que as pessoas podem esperar deles? Uma festa rija! (risos) Música, música, música! Muitas emoções!

Há sempre tanta coisa por fazer ainda… Para onde quer caminhar a seguir? Não sei… Já dizia o José Mário Branco: «Cá dentro inquietação, inquietação/ É só inquietação, inquietação». Há muita coisa por fazer, muita coisa que eu tenho de conhecer. Essa música é a música que me define desde que eu me lembro de ser pessoa. O próprio título da música Inquietação, podia ser o meu nome! (risos)