Sporting dá a volta aos rivais

Terminada a primeira volta, o Sporting é um líder seguro e convincente. Preparou bem a época, foi o mais competente nas contratações e apresentou o melhor futebol ao longo de 17 jornadas.

Passaram pelo comando do campeonato cinco equipas: Gil Vicente, Guimarães, Benfica, Boavista e Sporting, mas, na altura de fazer o balanço da primeira volta, a equipa de Rúben Amorim é a que se destaca. Lidera a prova desde a sexta jornada (24 de setembro), fez 43 pontos, tem mais um ponto do que o Benfica (ao menor deslize as posições mudam), cinco de vantagem para o FC Porto e dez sobre o Braga. Obviamente que nada está decidido, até porque a segunda volta vai ter muito para contar. Em teoria, o FC Porto tem o calendário mais favorável, pois joga em casa com o Benfica (24.º jornada) e Sporting (31.ª jornada) e vai a Braga na 34.ª e última jornada. O Sporting tem a vantagem de receber o Braga (21.ª jornada) e o Benfica (28.ª jornada), mas tem uma difícil deslocação ao Dragão (31.ª jornada). Entre os favoritos ao título, o Benfica, em teoria, tem o pior calendário, na medida em que joga no Porto (24.ª jornada) e em Alvalade (28.ª jornada), e recebe o Braga (31.ª jornada). Os bracarenses viajam até Lisboa para defrontar o Sporting (21.ª jornada) e Benfica (31.ª jornada) e recebem o FC Porto a fechar o campeonato (34.ª jornada).

Jogar com a história O futebol do Sporting evoluiu desde o início da época, isso explica o desempenho e os bons resultados até ao momento. No campeonato, tem mais 11 pontos do que na época passada e uma liderança sustentada. A equipa está confiante e entrou a todo o gás, essa dinâmica valeu-lhe 14 vitórias, perdeu com o Benfica e Guimarães e empatou em Braga, curiosamente três jogos onde esteve a ganhar, e o melhor ataque do campeonato, em igualdade com o Braga (40 golos marcados) – para esse registo muito contribuiu Viktor Gyökeres, com 11 golos. Em contrapartida, entre os três grandes é a equipa com mais golos sofridos (17). O Sporting fez uma primeira volta limpa em casa (9 vitórias), mas foi muito menos eficaz fora de Alvalade (duas derrotas e um empate). Olhando para a história recente, a última vez que o Sporting virou a primeira volta à frente chegou a maio e foi campeão – estávamos em 2020/21. Mais um detalhe capaz de animar os adeptos leoninos, desde 1995/96, quando as vitórias passaram a valer três pontos, o líder no final da primeira volta foi campeão por 20 vezes.
Foram cinco meses de muitas adaptações e de algumas invenções de Roger Schmidt. Apesar disso, o Benfica termina a primeira volta apenas com menos dois pontos do que na época passada, numa altura em que jogava muito e bem, tanto a nível interno como na Liga dos Campeões. Tem como ponto positivo o facto de ter ganho todos os clássicos disputados esta época – com duas vitórias sobre o FC Porto (Supertaça e Liga) – e de ser a equipa com a melhor defesa, apenas 11 golos sofridos. A incapacidade para jogar bem e ganhar ficou bem evidente nos empates comprometedores contra equipas de menor qualidade como são o Casa Pia, Farense e Moreirense. Nos últimos jogos, o Benfica melhorou o seu futebol e conseguiu sete vitórias consecutivas, algumas muito sofridas, pois continuam os desequilíbrios, sobretudo nas laterais. Depois de terem falhado quase todas as contratações de início de época, o mercado de inverno pode ser a solução para os encarnados, que vão ter uma segunda volta extremamente exigente. O Benfica foi também o clube que teve mais espetadores em casa. Fez oito jogos no Estádio da Luz e a média de espetadores por jogo foi de 58.909 (91,9%).

O segundo foi o FCP Porto, com uma média de 39.732 espetadores (79.4%).
Coisa rara nos últimos anos, o FC Porto perdeu nas duas deslocações a Lisboa e terminou a primeira volta em terceiro lugar, com 38 pontos e a cinco do líder – é o pior registo de Sérgio Conceição desde que é treinador dos azuis e brancos. Não foi suficientemente competente para ser melhor do que os adversários em muitos jogos e tem menos um ponto do que em 2022/23, mas frente ao Braga conseguiu uma das exibições mais bem conseguidas da época. Começar a segunda volta atrás dos principais rivais obriga a fazer uma campanha imaculada e esperar que os adversários falhem. Sérgio Conceição disse que já foi campeão com sete pontos de atraso e já perdeu um campeonato tendo sete pontos de avanço, mas a luta era contra um só adversário, agora tem dois à sua frente. Menos bom foi o facto de ter perdidos os três clássicos e não ter marcado qualquer golo nesses jogos. A seu favor tem o facto de receber os clubes de Lisboa, e isso pode fazer toda a diferença no final do campeonato.

As aspirações (não assumidas) do Braga caíram por terra no Dragão, pois ficaram a dez pontos do primeiro lugar, a nove do segundo e a cinco do terceiro classificado. Tem o melhor marcador da Liga, Simon Banza, com 14 golos, e o mesmo número de golos do Sporting (40), mas uma defesa muito permeável (25 golos sofridos). O Braga reforçou-se, mas tem menos sete pontos do que na época passada, e é a grande desilusão até ao momento, o que o treinador atribui a uma quebra física. Os bracarenses têm agora de se preocupar com o Guimarães na luta pelo quatro lugar, o último lugar que pode dar acesso à Europa via campeonato. Os vimaranenses estão apenas a três pontos e tèm um jogo em atraso, em casa, contra o Arouca.