No dia 30 de janeiro de 2022, os portugueses foram a eleições legislativas e deram uma maioria absoluta aos socialistas. Se tudo corresse dentro do calendário previsto, voltariam às urnas 4 anos depois, isto é, em 2026. O atual ciclo político chegou ao fim porque o governo não foi capaz de cumprir, em primeiro lugar, com as suas responsabilidades para com o país. Depois de 13 demissões, de vários casos e escândalos, e por fim, após o próprio primeiro-ministro acabar envolvido num processo de suspeitas de corrupção. O governo não caiu por incompetência política. Caiu porque o PS viu-se, uma vez mais, envolvido em escândalos com a Justiça. Ao fim de mais de 20 anos, começa a ficar claro um padrão profundamente perigoso para a Democracia. Portanto, aquilo que atira novamente os portugueses para eleições, foi um problema estrutural com as suspeitas de corrupção e não outra coisa. Foi a demissão de um Primeiro-ministro suspeito e não outra coisa. Por muito que tentem esconder, não há como fugir: o grande tema destas eleições tem de ser a corrupção e a degradação das instituições. É natural que a causa das eleições seja, também, o seu mote. É aqui que os portugueses querem respostas.
O quadro negro, infelizmente, não fica por aqui: enquanto assistíamos ao colapso institucional de quem tudo tinha o dever de fazer mais e melhor, os portugueses viam os serviços públicos colapsarem: escolas sem professores; hospitais sem médicos; jovens em fuga do país à procura de melhores condições; e, por fim, o aumento da insegurança.
A Esquerda quer unir-se para fazer destas eleições um espetáculo de demonização sobre a Direita e os partidos políticos. Quer falar sobre os perigos do populismo pelo mundo fora, não quer falar sobre a oportunidade extraordinária que teve para fazer alguma coisa por este país. Os psiquiatras conhecem muito bem este fenómeno: quem não gosta da realidade tem de inventar fantasmas para se distrair daquilo que verdadeiramente incomoda. Nem por um só momento, vimos um socialista a dizer algo tão simples como: desculpem portugueses, deram-nos uma oportunidade extraordinária e nós, novamente, desperdiçámos. Aliás, como desperdiçaram com o pântano de Guterres, a bancarrota de Sócrates e, agora, com a falência moral de Costa.
No entanto, se é nestes termos que toda a Esquerda quer colocar o debate, então, a 10 de março, tudo se resume a uma questão fundamental: Populismo ou Corrupção?
Num célebre discurso no Parlamento Europeu em 2016, o antigo Eurodeputado Nigel Farage, no rescaldo do referendo político que tinha ditado a saída do Reino Unido da União Europeia, explicava que o populismo estava a tornar-se bastante popular. Desde lá para cá, Donald Trump venceria eleições nos Estados Unidos, Orbán na Hungria, Javier Milei e Geert Wilders venceriam respetivamente eleições na Argentina e Países Baixos. Jaime Nogueira Pinto numa entrevista em 2017 dizia que o populismo é a popularidade dos outros. A esquerda de facto, sempre gostou pouco da popularidade da direita e nunca descansou de criar rótulos, nomeadamente este do populismo.
Em Portugal, André Ventura e o Chega são o reflexo deste movimento político que está a redefinir todo o Ocidente, embora com particularidades específicas da realidade portuguesa.
Em todo o caso, não foi o populismo que levou o país para eleições antecipadas; foi o socialismo, foi a corrupção. Não é o populismo que é responsável pela degradação dos serviços públicos; é o socialismo, é a corrupção. Não é o populismo que tem arrastado todos os anos milhares e milhares de portugueses para a emigração; é o socialismo, é a corrupção.
Esta eleição é sobre corrupção. É tudo sobre aquilo que conduziu o país a uma ida antecipada às urnas. Não foi o populismo que trouxe uma vergonha enorme a todos os portugueses, foram as suspeitas de corrupção. No limite, se a escolha do país estiver entre populismo ou corrupção; se, de facto, a receita para o combate à corrupção é o populismo, então, não tenho dúvidas: escolho o populismo!