Tem havido um enorme progresso relativamente à identificação das necessidades dos diferentes alunos e à sensibilidade dos professores para as mesmas. Se antigamente havia sobretudo os ‘bons alunos’ e os ‘maus alunos’, os ‘espertos e os burros’, hoje são diagnosticados distúrbios, perturbações ou dificuldades, que sabemos que interferem com o percurso escolar individual e que exigem uma série de medidas para promover a qualidade da aprendizagem de cada aluno. De acordo com essas indicações, a escola deve disponibilizar uma resposta adequada. Ou seja, as crianças e jovens não só têm direito à educação escolar, como a que as suas necessidades específicas sejam atendidas.
Embora o número de alunos com necessidades especiais esteja a aumentar, o regime teórico de educação inclusiva em vigor nem sempre é posto em prática, o que faz com que, apesar de a maioria dos professores e das escolas estarem atentos às necessidades destes alunos, não tenham forma de as atender.
É rara a escola pública que dispõe de todos os meios para ajudar estas crianças. Em vez das crianças serem apoiadas de acordo com as suas necessidades, estão dependentes das necessidades da escola. Muitas vezes o apoio prestado não está relacionado com a necessidade da criança, mas com a oferta possível.
Todos sabemos que quanto mais precoce e constante for este acompanhamento, mais eficaz se irá revelar. Mas também sabemos que, infelizmente, é rara a escola que dispõe de professores de ensino especial suficientes para dar um apoio individualizado, contínuo e eficaz aos alunos que dele necessitam – às vezes há um professor para centenas de alunos, há professores que dão sugestões aos docentes sem sequer terem tido oportunidade de conhecer as crianças. São raríssimas as escolas que dispõem de uma equipa multidisciplinar completa ou que, por exemplo, têm condições para cumprir a redução de turma. Para dificultar a situação, várias escolas não só não dispõem dos terapeutas necessários, como não abrem a porta a terapeutas de fora, por não haver uma sala disponível.
Não é difícil promulgar leis que visem a educação inclusiva, o difícil, e também o mais importante, seria que essas medidas pudessem sair do papel e ser postas em prática em todas as escolas, sem exceção. A isso se poderia verdadeiramente chamar inclusão e igualdade de oportunidades. Mas para isso são necessárias pessoas, instalações e material, bem como maior compreensão e disponibilidade por todos sobre este tema. A verdade é que a educação inclusiva está longe de chegar a todos. Entretanto o tempo está a contar, e quem mais precisa continua a andar coxo, sempre com dificuldade em acompanhar aqueles que correm mais depressa.