O presidente do Brasil negou esta terça-feira que as investigações judiciais contra membros da família do ex-presidente Jair Bolsonaro resultem de perseguição política. O caso envolve espionagem ilegal.
“O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos na Justiça. Você tem uma investigação, decisão de um juiz da Suprema Corte [Supremo Tribunal Federal] que mandou fazer busca e apreensão sob suspeita de utilização com má-fé pela Abin [Agência Brasileira de Inteligência]”, disse Luíz Inácio Lula da Silva.
“Eu não vejo nenhum problema anormal, se há decisão judicial. O que eu espero é que as pessoas que estão sendo investigadas sejam investigadas, tenham direito à presunção da inocência, que eu não tive. E acho que as pessoas que não devem não temem”, acrescentou numa entrevista à rádio CBN.
Na segunda-feira, a polícia brasileira realizou buscas numa casa da família do ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade de Angra dos Reis, numa operação que investiga o alegado uso da Abin durante o mandato de Bolsonaro para monitorizar ilegalmente autoridades públicas.
Carlos Bolsonaro, vereador da cidade do Rio de Janeiro e um dos filhos do ex-presidente, foi um dos alvos da operação.
Segundo comunicado da Polícia Federal, a nova etapa da operação “Vigilância Aproximada” visou “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”. A PF acrescentou que “nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controlo judicial ou do Ministério Público”
Depois das buscas, Bolsonaro disse numa entrevista à CNN Brasil que era perseguido pelo governo do presidente Lula da Silva. “Eles querem me associar a essa ‘Abin paralela’. Mas não vão encontrar nada. É uma pesca em piscina. Não vão tirar um peixe. Estou sendo perseguido pelo Governo do Lula”, afirmou o antigo presidente à CNN.