Renault Megane E-Tech com muita energia

A dinâmica, o conforto e a tecnologia a bordo são os aspetos mais marcantes do Renault Megane E-Tech. Como todos os carros 100% elétricos, o preço é a parte menos agradável.

O novo Mégane E-Tech enquadra-se na estratégia “Renaulution”, e é o primeiro automóvel elétrico da Geração 2.0 da Renault. Adeus motores de combustão na gama Megane. Do ponto de vista estético, a quinta geração Megane é completamente diferente, abandona a forma de sedan e aproxima-se do conceito de crossover. A imagem de robustez é dada pela linha de cintura elevada, seção vidrada estreita, vias mais largas, jantes de 20 polegadas e faixas de proteção na parte inferior da carroçaria. Há outros detalhes que o aproximam de um coupé, caso da linha descendente do tejadilho e puxadores das portas embutidos (de série). Como não tem motor térmico não necessita de grelha dianteira para refrigeração, existe apenas uma abertura inferior que conduz o fluxo de ar e otimiza a aerodinâmica.

Esqueça tudo o que viu nos anteriores Megane, nesta geração está tudo alinhado para proporcionar uma boa experiência a bordo, com um toque de modernidade e qualidade. O comando da caixa de velocidades automática e o travão de estacionamento estão colocados na coluna de direção, atrás do volante, o que liberta espaço para o condutor e passageiro. Os ocupantes do banco traseiro têm espaço para as pernas, pois não há túnel de transmissão, mas a forma descendente do tejadilho limita a altura, é possível que pessoas de maior estatura se sintam desconfortáveis. A ergonomia foi otimizada. Os bancos dianteiros têm regulação elétrica com memória e os principais comandos são fáceis de aceder, apenas não gostámos da forma do volante, é estranho ter uma parte plana. A visibilidade para trás não é a melhor, mas com a câmera de visão traseira as manobras ficam facilitadas. A insonorização é um dos pontos fortes deste modelo. A 120 km/h apenas se ouve um ligeiro ruido aerodinâmico. A bagageira (440 litros) tem forma retangular, o que possibilita uma boa arrumação de objetos volumosos. Essa capacidade pode ser aumentada (1332 litros) com o rebatimento das costas dos bancos traseiros e com o banco do passageiro da frente dobrado para cima. Os cabos de carregamento têm a sua própria área de armazenamento.

O sofisticado ecrã tátil OpenR Link de 12,3 polegadas é um opcional que assume o papel de “jóia de coroa” a nível de equipamento. Este dispositivo multimédia integra navegação, serviços Google Maps, Asssistant e Play e sistema de som Harman Kardon. O equipamento da versão Iconic compreende bancos em couro, ar condicionado automático bi-zona, aquecimento dos bancos dianteiros e do volante, carregador de smartphone por indução compatível com Android Auto e/ou Apple CarPlay e entradas de USB nos lugares dianteiros e traseiros. Destaque para as luzes LED no habitáculo que ajustam as cores com base no ritmo circadiano, o ciclo biológico do corpo humano, de modo a melhorar o bem-estar dos ocupantes. Para além dos elementos de segurança passiva comuns, merece referência outros dispositivos como o alerta de fadiga do condutor, aviso de presença no ângulo morto, alerta à manutenção na faixa de rodagem e reconhecimento dos sinais de trânsito com alerta de excesso de velocidade.

O Mégane E-Tech utiliza a plataforma CMF-EV dedicada a automóveis 100% elétricos e recebe o motor elétrico com uma capacidade de 160 kW (220 cv e 300 Nm), alimentado por uma bateria de 60 kW. Embora não seja um desportivo, o Megane tem uma aceleração convincente: 160 km/h de velocidade máxima e 7,4 segundos de 0 a 100 km/h. A bateria tem uma garantia de oito anos ou 160 mil quilómetros e, nesse intervalo, serão substituídas gratuitamente, se se deteriorarem para menos de 70% da sua capacidade. O consumo de energia elétrica anunciado pela marca no ciclo combinado é de 16,2 kWh/km, mas os valores que registámos foram diferentes. Em cidade, o consumo foi de 14,3 kWh/km, fazendo uma condução despreocupada em estrada, com alguns períodos no modo Sport, registámos 17,6 kWh/km e, em autoestrada, fizemos 23,1 kwh/km. Quando à autonomia, com algum cuidado pode chegar aos 400 quilómetros, mas em autoestrada cai para os 230 quilómetros. Se a viagem for longa tenha presente que tem de parar para carregar a bateria. Se tiver tempo pode usar a tomada doméstica durante oito horas para carregar até 400 quilómetros, mas pode fazer um carregamento rápido até 300 quilómetros em 30 minutos uma estação de carga rápida de 130 kW ou carregar até 150 quilómetros em uma hora com o cabo de série (wallbox). Ainda do ponto de vista ecológico, 95% do Megane E-Tech elétrico será reciclado no final do seu ciclo de vida.

Não são precisos muitos quilómetros para perceber que o Megane é agradável de conduzir e está bem insonorizado. Através do botão Multi-sense pode-se selecionar o modo de condução desejado entre Confort, para uma condução tranquila, Eco, limita a potência em aceleração e a velocidade máxima, Perso, permite regular vários parâmetros ao gosto do condutor, e Sport. Gostámos particularmente deste último, que deixa a direção um pouco mais pesada e precisa e liberta toda a energia do motor quando se pisa o acelerador a fundo. É muito entusiasmante sentir os 300 Nm a atuar sobre as rodas dianteiras sem perdas de tração. O carro é equilibrado e ágil em estradas sinuosos, isso deve-se à boa rigidez estrutural e eficácia da suspensão. Os movimentos de carroçaria são mínimos, o que permite manter um ritmo alto com grande sensação de segurança. É preciso entrar muito depressa em curva para o eixo dianteiro escorregar, típico da tração à frente, mas, no geral, o comportamento foi uma boa surpresa. De salientar que o controlo de estabilidade corta todos os excessos de condução e mantém o Megane no bom caminho. Em condições normais, o conforto é elevado e, no mau piso, quase não se sentem as irregularidades da estrada. A travagem é poderosa, basta um pequeno toque no pedal para o sistema atuar. O Megane dispõe de assistência à travagem de emergência o que aumenta a capacidade de imobilização em situações extremas. De notar que a travagem regenerativa recupera energia sempre que o condutor trava ou alivia o acelerador.

Os automóveis elétricos continuam caros e o Renault Megane E-Tech 220 não é exceção. Está disponível a partir de 39.490 euros, a versão Iconic ensaiada custa 46.716 euros.


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