Os três maiores bancos –Santander Totta, novobanco e BPI – lucraram 2.116,7 milhões de euros no ano passado, o que dá uma média de 5,7 milhões de euros por dia. As comissões bancárias voltaram a puxar pelo resultado, mas o maior contributo deveu-se à subida das taxas de juros impostas pelo Banco Central Europeu (BCE) que, em 2023, chegaram a atingir o valor mais alto de sempre.
O Santander Totta foi o campeão dos lucros, ao apresentar um aumento dos resultados em 57,3%, para 894,6 milhões, mas obteve 1.030 milhões em valores consolidados.
Só a margem financeira que representa a principal fonte de receitas, já que é a diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos, subiu 90,5% para 1.491 milhões de euros. Na apresentação de resultados, o presidente do banco, Pedro Castro e Almeida, disse que os resultados do banco se devem ao aumento das taxas de juro, mas também à transformação comercial e digital que o banco fez nos últimos anos e considerou que um setor financeiro forte e «finalmente rentável e bem capitalizado», no seu entender, «é a primeira linha de defesa para o futuro crescimento de um país».
Só no ano passado, foram renegociados 55 mil créditos à habitação, maioritariamente levando a reduções das prestações pagas pelos clientes numa altura de compressão do rendimento disponível para a maioria das pessoas. Neste número estão englobadas situações como renegociações comerciais e alterações ao abrigo dos sucessivos decretos governamentais (7.500 nesta área). Há, também, 17 mil contratos a receber bonificação da prestação feita por transferências do Estado. As comissões líquidas caíram 2,8% para 457 milhões de euros.
No final de 2023, o Santander Totta tinha 332 agências, menos sete do que em 2022. Os trabalhadores eram 4.615, menos 27 em termos líquidos do que em 2022 .
O novobanco fechou o ano com lucros de 743,1 milhões em 2023. Um aumento face aos 560,8 milhões registados no ano anterior, «reflexo de um sólido modelo de negócio doméstico alinhado com as expectativas dos nossos clientes e das medidas de eficiência implementadas nos últimos anos». A taxa da margem financeira foi de 2,75% e a margem financeira ascendeu a 1 142,6 milhões, «em resultado, do ambiente favorável das taxas de juro, e da gestão criteriosa das taxas de juro dos ativos e do custo de financiamento».
As comissões ascenderam a 296,1 milhões, um aumento de 0,9% face a 2022, «com o impacto das alterações legislativas a condicionarem, em parte, a evolução positiva deste agregado», revelou o banco. O novobanco viu o quadro de pessoal crescer em 200 pessoas, totalizando 4209, embora a rede de balcões tenha permanecido praticamente inalterada (290, menos dois do que no ano anterior).
Também o BPI registou um resultado consolidado de 524 milhões de euros, em 2023, o que representa uma subida de 42% face aos 369 milhões registados no ano anterior. Só a atividade em Portugal contribuiu com 444 milhões. As participações no BFA e BCI tiveram um contributo de 42 milhões e 39 milhões para o resultado consolidado, respetivamente. João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo da instituição financeira, afirmou que «o BPI concluiu o exercício de 2023 com uma evolução muito positiva» referindo que o banco «registou um resultado de grande qualidade, com mais atividade comercial e ganhos de eficiência significativos». As comissões líquidas mantiveram-se relativamente estáveis, nos 291 milhões em 2023. No final de 2023, o BPI contava com 4263 colaboradores e totalizava 316 unidades comerciais.
No campeonato dos mais pequenos, o Montepio viu o seu resultado cair 16%, para 28,4 milhões em 2023, enquanto o ABANCA obteve um lucro atribuível de 711,3 milhões.