Ousar sonhar

Daqui por um mês, o país tem uma escolha decisiva entre mãos: eleger um novo Parlamento e um novo Governo. Esgrimem-se programas e trocam-se acusações. A ideologia não vai mudar Portugal. A ambição e o sonho vão. Em fevereiro de 2011, cheguei à Presidência da Câmara Municipal de Cascais. Passam agora 13 anos. Passei pelo Governo Sócrates, pela Troika, pela covid-19 e pela guerra da Ucrânia. E, pelo caminho, o meu coração pregou-me duas partidas. Porém, nenhum desses contextos externos travou Cascais no seu caminho para maior justiça social, mais emprego, mais competitividade e melhores serviços públicos. Conseguimo-lo porque nunca deixámos de ousar sonhar. Mantivemos a nossa ambição, a nossa visão estratégica e tivemos a felicidade de ter grandes equipas. Nos últimos 13 anos, Cascais reforçou todos os pilares do Estado Social e criou as condições para que os cidadãos vivam uma vida mais plena. Implementámos políticas públicas que alteraram o posicionamento económico e social do concelho. Na Educação erguemos o mais moderno campus universitário do país: a Nova SBE, em Carcavelos. Investimos na Escola Pública, aumentando e renovando o parque escolar, garantindo um ensino de qualidade para todos os alunos. Na Saúde, lançámos o inovador programa de teleconsultas gratuitas. Apostámos na construção de novos polos de saúde, na reabilitação e ampliação de outras unidades. Avançámos na consolidação do nosso Sistema Local de Saúde e Solidariedade Social, o SL3S. Repensámos o Estado Social a nível local e colocámo-lo ao serviço das pessoas. Em parceria com o setor social, e para garantir um médico de família a todos os munícipes, criamos o ‘Bata Branca’ – dado como bom exemplo de política de saúde nos debates nacionais. Também os Centros de Atendimento Vida Cascais foram criados apoiar, orientar e acompanhar os munícipes e famílias no âmbito das respostas sociais existentes na comunidade. No Ambiente, alargámos as zonas verdes, regenerando como nunca espaços de natureza em zonas urbanas. Requalificámos ribeiras, apostámos na criação de corredores verdes ecológicos, reconvertendo terrenos expectantes em bosques. Reforçámos a aposta na agricultura biológica com hortas comunitárias e hortas sociais. Em 2023, Cascais tornou-se no primeiro concelho a ter recolha seletiva de biorresíduos em todo o território. Na Cultura, reabilitámos e devolvemos à comunidade património há demasiado tempo de costas voltadas para a comunidade. Lançamos o mais sólido projeto de democracia participativa, que permitiu aos cidadãos decidirem sobre uma parte do orçamento municipal. Tendo a neutralidade carbónica como meta, disponibilizamos o mais ambicioso programa de mobilidade rodoviária gratuita, complementado com bikesharing e rede ciclável. Em Cascais sempre preferimos ser livres de escolher o nosso próprio caminho com a ambição de continuar a ser o melhor lugar viver. Por isso, estamos a lançar o mais ambicioso plano de construção de habitação pública. Enquanto os municípios mais ricos do país e as cidades europeias se aproximavam, o país seguiu um caminho oposto, perdendo competitividade e qualidade nos serviços públicos. Se Cascais foi capaz, Portugal tem de ser ainda mais capaz. Para chegar a um lugar melhor do que aquele em que hoje nos encontramos, precisamos de sonho e ambição. De uma estratégia e de uma grande equipa. Nestes 13 anos em que tenho ‘estado’ presidente de Câmara, e nos próximos dois até ao final do mandato, este é o ensinamento que posso humildemente partilhar com os meus concidadãos, quando temos tão decisivas escolhas nas nossas mãos.