Se o ridículo ainda matasse, como acontecia em tempos mais saudáveis, Rui Rocha estaria politicamente morto, com aquela rábula do papelinho para André Ventura assinar. O ar melodramático na passagem do ‘contrato’ para o outro lado da mesa foi de um apreciável ridículo. E aquele colocar-se em bicos de pés sobre o seu montinho de 5% nas sondagens foi delicioso. O líder liberal parecia imaginar-se o dono do parque de diversões quando apenas poderia aspirar a dar umas voltinhas no barquinho dos cisnes do carrossel dos pequeninos.
Dito isto, passemos ao essencial do debate de RR com AV.
Ninguém põe em causa as contas certas nas quais começa e acaba o pequeno mundo da IL. Mas o grande mundo, a política e a vida (necessitando, ele e elas também, de contas certas) são muito mais do que contas. E porque o tempo reduzido e o formato do debate não se prestavam a tal, aproveito para aqui deixar as duas intransponíveis diferenças entre a IL e o Chega.
Ponto um, a ideologia woke, que o Chega rejeita e combate sem quartel, porque a entende como um combate basilar de defesa da civilização e da própria humanidade. Os ‘liberais em toda a linha’, a par do PS e do BE, defendem a receita woke com a mesma convicção com que o Chega a combate. São duas visões do mundo e da vida. irreconciliáveis. Quem vota na IL vota woke.
Ponto dois, a IL e comentadores vários acusaram o Chega de socialista. A título de exemplo, eis algumas das diferenças do papel do Estado na Economia, comparando o socialismo do PS, o liberalismo da IL e o conservadorismo liberal do Chega.
Desde logo, o conservadorismo liberal do Chega pertence a uma corrente de pensamento personalista para a qual cada ser humano é essencialmente diferente de todos os outros, único e irrepetível, dotado de uma personalidade própria que o distingue de todos os demais. O liberalismo e o socialismo são correntes de pensamento igualitárias para as quais cada ser humano é estruturalmente igual a todos os outros.
Depois, como instituição económica, o conservadorismo liberal do Chega dá primazia à família, o liberalismo à empresa privada (e ao setor privado) e o socialismo ao Estado (e ao setor público).
Finalmente o PS (e com ele toda a extrema-esquerda) defendem, em termos sociais e económicos o todo-poderoso Estado-Providência. Quanto à IL, defende o Estado mínimo reduzido às suas funções de soberania. Por sua vez o Chega defende o Estado Subsidiário que realiza, idealmente, as funções económicas que a iniciativa privada não consiga (porque para isso não está vocacionada) preencher.
Finalmente, em Economia, o Chega está na posição diametralmente oposta ao PS. Onde difere da IL? Nisto: Para esta, os valores económicos são o topo da escala de valores. Para os conservadores do Chega, outros valores se sobrepõem e, entre eles, o valor intrínseco da vida humana, da compaixão e do bem comum.
O Chega não quer este Estado socialista que a todos asfixia sobrepondo-se às famílias e às tradicionais comunidades intermédias entre o Homem e o Estado. Mas quer um Estado que possa ser, em última instância e apenas quando tudo o demais falhe, a rede essencial de segurança dos desprotegidos.
São estes pontos retirados de um trabalho apresentado por Pedro Arroja/Miguel Côrte-Real no âmbito das atividades do Conselho Estratégico Distrital do Porto do CHEGA.
Deputado do Chega