Sociedade Portuguesa de Pneumologia: “Estamos no nível zero” na luta contra cancro do pulmão

O Cancro do pulmão foi o mais comum, em todo o mundo, em 2022, sendo a principal causa de morte por cancro.

António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), sublinhou que Portugal está no “nível zero” na luta contra o cancro do pulmão e que se perdeu uma oportunidade para as campanhas de prevenção, depois das alterações à lei do tabaco.

No passado sábado, o presidente da associação dos centros de Responsabilidades Integrados (CRI), João Varandas, adiantou que o Governo, permitiu que se encerrasse, em 2023, a linha de financiamento europeia que permitia avançar com rastreios do cancro do pulmão.

 “Tivemos conhecimento disso numa reunião que a associação teve a pedido da associação de rastreio do cancro do pulmão (…). Não se pode desperdiçar estas linhas de financiamento europeu” lamentou o responsável.

António Morais considera, citado pela Lusa, que esta situação é, “obviamente um revés porque este é um rastreio previsto e assim serão muitas as dificuldades”.

“Estamos a falar de um rastreio que tem uma eficácia de redução de 20% da mortalidade. Isto é muito significativo. Este ano temos duas situações que diminuem muito a nossa ação em termos de saúde pública neste contexto. Tivemos uma lei de alteração do tabaco que não chegou a ser aprovada. Foi uma lei que ficou parada dada a dissolução do parlamento. E o rastreio que não avança” explicou o presidente da SPP.

A lei do tabaco, para António Morais, “ia de encontro da prevenção do maior fator de risco do cancro do pulmão” e explica que “para se ter um programa nacional de rastreio, tem de haver uma avaliação, projetos-piloto, estudos e financiamento”.

“Nada disto está feito. E, pelo menos do nosso conhecimento, não há nenhuma comissão para tratar deste objetivo. E perdeu-se o financiamento para arrancarmos com projetos-piloto tendo em vista um programa nacional e neste momento temos um problema de saúde pública, mas não temos nada previsto”, criticou o responsável.

O Ministério da Saúde, numa resposta à Lusa, refere que, neste tema, “não estão em causa constrangimentos de ordem financeira”, e esclarece: “Os novos rastreios recomendados pela União Europeia, com uma significativa contribuição de Portugal (rastreio do cancro da próstata com ressonância magnética; rastreio do cancro do estômago em certas comunidades; rastreio de cancro do pulmão em grandes fumadores) dependem da definição de normas técnicas adequadas e da criação de condições organizacionais adequadas”.

O cancro do pulmão foi o mais comum, em todo o mundo, em 2022, sendo a principal causa de morte por doença oncológica, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).