Alterações climáticas vão agravar as pragas de gafanhotos

Estudo concluiu que locais especialmente vulneráveis como Marrocos e o Quénia continuam a ser de alto risco.  Mas os habitats dos gafanhotos expandiram-se desde 1985.

As alterações climáticas poderão intensificar os padrões meteorológicos e aumentar os riscos das pragas de gafanhotos, revela um estudo de surtos, segundo a Science Advances.

O gafanhoto do deserto – espécie de algumas zonas secas do norte e leste de África, do Médio Oriente e do sul da Ásia – é um inseto migratório que se desloca, longas distâncias, em enxames de milhões de indivíduos, danificando culturas e causando fome e insegurança alimentar. Um enxame de um quilómetro quadrado inclui 80 milhões de gafanhotos que podem, num só dia, consumir culturas alimentares suficientes para alimentar 35.000 pessoas.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura descreve-o como «a praga migratória mais destrutiva do mundo» e o estudo afirma que estes surtos serão «cada vez mais difíceis de prevenir e controlar» num clima mais quente.

Os autores esperam que o estudo ajude os países a compreender e a abordar «os impactos da variabilidade climática na dinâmica dos gafanhotos, particularmente nas suas repercussões na produtividade agrícola e na segurança alimentar» e apelam a melhor coordenação entre países e organizações para respostas rápidas e criação de sistemas de alerta precoce.

A pior praga de gafanhotos do deserto em 25 anos atingiu África Oriental em 2019 e 2020, quando os insetos devastaram centenas de milhares de hectares de terras agrícolas.  Segundo o Banco Mundial, a resposta a uma praga – na África Ocidental entre 2003 e 2005 – custou mais de 450 milhões de dólares. Os danos causados às culturas foram estimados em 2,5 mil milhões de dólares.