Sempre se soube quem era o pai – Ser Piero, um notário de Florença. Mas a identidade da mãe de Leonardo da Vinci tem permanecido uma incógnita ao longo dos tempos. Em 2008, Alessandro Vezzosi, diretor do Museu Leonardo, em Vinci, avançou que Ser Piero possuía uma escrava chamada Caterina, que poderia muito bem ser a mãe do genial artista. E em 2016 o historiador britânico Martin Kemp desenterrou dos arquivos um documento de 1457 que dava força a esta tese: tratava-se de uma lista de todos os membros da família, onde se dizia explicitamente que a mãe de Leonardo (nascido em 1452) se chamava Caterina di Meo Lippi. Conhecido o nome, o que sabemos sobre esta mulher? Acaba de ser publicado em Espanha, pela Alfaguara, um romance que reconstitui o seu percurso.
O autor, Carlo Vecce, é professor de literatura na Universidade de Nápoles e especialista no Renascimento. Há seis anos, encontrou num arquivo de Florença um documento saído da mão de Ser Piero que atestava a libertação de uma escrava chamada Caterina, filha de Jacob, e natural do Cáucaso. «A mãe do maior génio da humanidade, do maior artista italiano, tinha sido uma escrava, uma mulher estrangeira do mais baixo nível social? Não podia ser», disse Vecce ao El Confidencial. Mas era. Sabe-se que a rapariga entrou ao serviço de uma rica família de Florença como ama de leite em 1450 e obteve a liberdade seis meses depois do nascimento de Leonardo. Posteriormente, Caterina casou-se com um agricultor, de quem teve cinco filhos – e foi com eles que Leonardo passou os primeiros dez anos da sua vida.