É o voto na AD o mais seguro para varrer o PS da governação?

Importa, e muito, saber o que pretende Luís Montenegro: se fortalecer a Direita, se discutir com o PS a liderança da Esquerda.

Esta é a pergunta que todo o eleitor de Direita e de centro-direita se deve fazer a si próprio. Tentarei dar uma ajuda. Para o que aqui nos interessa, temos três cenários possíveis a tomar em conta.

Cenário 1: A AD vence com uma maioria de Direita.

Cenário 2: A AD perde para o PS mas existe uma maioria de Direita constituindo o Chega uma peça indispensável para tal.

Cenário 3: O PS vence, o Chega fica em segundo lugar com uma maioria de Direita.

Vejamos agora: A ter em conta as sondagens, o cenário 1, o de uma vitória do PSD é tão provável quanto o de uma vitória do PS. Para o eleitor de Direita apostar cegamente nele envolve um risco substancial.

O cenário 3, pelas mesmas sondagens, é pouco provável, mas possível. Ora, tendo em conta as reiteradas afirmações de André Ventura, o Chega jamais apoiaria um governo minoritário do PS, abrindo totalmente as portas a um governo de maioria absoluta de Direita.

O cenário 2 tem fortes probabilidades de ser o do dia 11 de março e, por ser assim, é este que ao eleitor de Direita importa seriamente ter em conta. E isto porque é aqui crucial saber com precisão absoluta, o que fará Montenegro nesta situação.

E o que disse até agora LM? Nada, para além da banalidade de que: «A AD vai ganhar as eleições». Perguntado mil vezes, mil vezes se recusou a responder.

Mas duas pessoas falaram já sobre isso. Um dos líderes da AD, Nuno Melo, que afirmou taxativamente que, nesse cenário, a AD viabilizaria um governo do PS. Acresce que um dos homens mais próximos de Luís Montenegro (LM), Pedro Duarte, veio claramente dar a entender que essa seria a decisão. Se a isto juntarmos o facto de LM se recusar a dar uma resposta, temos que, neste cenário, será quase certo a AD deixar governar o PS de Pedro Nuno Santos (PNS).

Aqui chegados, aquilo que o eleitor de Direita e de Centro-Direita, (o eleitor consciente e não o clubista) terá de ponderar é o seguinte: vou votar numa coligação, a AD, sabendo que ela tem larga possibilidade de perder e que, caso perca, irá entregar o poder ao PS, ou vou votar num partido, o Chega, que já deixou meridianamente claro que sempre estará aberto à Direita e jamais entregará o poder ao PS?

Resumindo e deixando bem clara a alternativa: votar na AD correndo o risco de o seu voto ir parar ao PS ou votar no Chega sabendo que esse seu voto no Chega ficará sempre, mas sempre, do lado da Direita e do Centro-Direita?

Resumindo mais ainda: qual é o voto útil: O voto na AD ou o voto no Chega?

Quer o eleitor de Direita muito, mas muito mesmo, votar na AD? Então exija uma resposta clara a LM, uma posição sem qualquer tipo de ambiguidade ou de pusilanimidade: em caso de vitória do PS com uma maioria de Direita vai Montenegro, ou não vai, permitir a PNS que governe?

Rui Ramos, cujas simpatias pelo PSD são por demais conhecidas, em recente crónica no Observador intimou, duramente, LM a dar uma resposta a isto.

Importa, e muito, saber o que pretende LM: se fortalecer a Direita, se discutir com o PS a liderança da Esquerda. Chegou para LM e para o PSD o fim das águas turvas. Aquilo é, em definitivo e de uma vez por todas, o PPD, um partido conservador e popular de centro-direita, ou é o PSD, um partido social-democrata de centro-esquerda? Já chega de 50 anos de PPD/PSD. Escolham ser uma coisa ou outra. O país e a Direita agradecem.