A vontade política afirmada, a confiança depositada, o diagnóstico traçado, só resta aguardar pelo novo Governo da República, para erguer a solução. Assim sendo, a esperança assume-se promessa: –“É da esperança que necessitamos”, relembra-nos Dom Rui Valério, Patriarca de Lisboa e administrador apostólico da Diocese das Forças Armadas e de Segurança (Rádio Renascença). E a esperança apela ao fim da discriminação salarial das forças de segurança, que há de ser uma prioridade do próximo Governo, integrado num quadro mais vasto – da refundação da ação social à mudança de paradigma no recrutamento e à reforma funcional e orgânica das forças de segurança, aprontando a PSP em polícia nacional e a GNR em todo o território nacional.
Consumada a exclusão das forças de segurança da atribuição do subsídio, muito justa e merecidamente conferido à Polícia Judiciária, resta, agora, aguardar pela eleição da nova Assembleia da República. Até lá, independentemente de estados de alma, as forças de segurança têm de continuar a servir os cidadãos e a República Portuguesa, segundo o ditame constitucional – “defender a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos” –, cientes de que o bom exemplo ajuda à solução.
Quem como a polícia?
Ninguém! Em Portugal. Salvo as forças de segurança, à imagem das Forças Armadas – é uma afirmação de soberania, uma fonte de cidadania.
Em tempo de mudança global e desafios crescentes na Europa não se joga à segurança – a primeira das liberdades. E basta recordar a relevância do turismo na economia nacional, tão dependente do nível de segurança, fruto do trabalho das forças de segurança, às vezes em cooperação com as Forças Armadas, sobretudo a Marinha, na luta contra o tráfico de droga, fonte de insegurança urbana.
– “É a hora!” Disse-o um dia Fernando Pessoa (Mensagem). Brevemente, sê-lo-á, julgámo-nos nós, porque “falta cumprir-se Portugal!”: Repor a justiça remuneratória nas forças de segurança, por serem polícias criminais também, entre outras melhorias.
Entretanto, nenhum protesto mais se justifica. E o radicalismo a lado nenhum leva; só corrói a força da razão, por ser contraproducente e servir interesse alheios “Não, não vou por aí!Só vou por onde me levam meus próprios passos…” – ensina-nos José Régio (Cântico Negro).
No tempo certo, tudo se há de resolver a bem, num consenso alargado e participativo das estruturas sindicais e associativas representativas das forças de segurança no seio da equipa de missão a instituir pelo próximo Governo de Portugal, mediante um olhar mais alargado, porque os profissionais das forças de segurança não podem continuar sem condições adequadas de trabalho ou sem habitação condigna, entre outras prioridades.
Existe vontade, há rumo, erguer-se-á o necessário – por ser de interesse público.
Ex-inspetor-geral da PSP e professor universitário