Em março de 2023, Brent Seales, um cientista de computação do Kentucky (EUA), divulgou imagens em 3D de dois papiros carbonizados e lançou um desafio. Quem conseguisse decifrar os respetivos textos receberia um tentador prémio em dinheiro. Menos de um ano depois, o egípcio Youssef Nader, Luke Farritor, do Nebraska e Julian Schilliger, da Suíça, dividiram a soma de 700 mil dólares por terem revelado centenas de palavras, graças ao aperfeiçoamento de um software de inteligência artificial, também disponibilizado por Seales, que consegue ler as palavras. Espera-se agora que o software consiga decifrar o resto dos textos.
Os rolos encontravam-se originalmente na Villa dos Papiros, em Herculano, que pertencia a um familiar de Júlio César, e foram danificados pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Um deles fala sobre a natureza do prazer, parecendo ter saído da pena de um discípulo de Epicuro. Ao contrário do que aconteceu em Pompeia, o facto de a povoação estar mais próxima do vulcão fez com que os materiais orgânicos, como a madeira, o pão, a fruta e os papiros, se preservassem. Escavada em 1750, a Villa dos Papiros tinha cerca de 1100 destes rolos, mas encontravam-se em tão mau estado que chegou a julgar-se que fossem troncos carbonizados e alguns foram usados como lenha.
IA ajuda a decifrar papiros de Herculano
Espera-se agora que o software consiga decifrar o resto dos textos