Vida de mulheres trabalhadoras piorou em 2023

A taxa de desemprego aumentou para 6,5%,sendo mais alta entre as mulheres, 6,9% e ainda mais elevada entre as jovens com menos de 25 anos (19,8%).

Uma análise da CGTP, para assinalar a semana da igualdade e o Dia Internacional da Mulher, indica que a situação das mulheres trabalhadoras piorou em 2023, tendo-se registado um aumento no desemprego e precariedade, e menos poder de compra.

A entidade sindical refere, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que no ano passado havia 183 mil trabalhadoras no país, o que corresponde a mais de metade dos desempregados (53%), o que é um crescimento de 11 mil face a 2022.

A taxa de desemprego aumentou para 6,5%,sendo mais alta entre as mulheres, 6,9% e ainda mais elevada entre as jovens com menos de 25 anos (19,8%).

O estudo da CGTP refere que a cobertura de prestações de desemprego, diminuiu em 2023, “atingindo apenas 38% do número real de mulheres desempregadas (face a 40% em 2022)” e quase metade das mulheres desempregadas (47%) auferia no máximo 500 euros de prestação.

O estudo precisa que o emprego aumentou 2% no ano passado (2,2% entre as mulheres trabalhadoras), isto à custa de vínculos precários que, na totalidade, atingem cerca de 740 mil trabalhadores, 52% dos quais mulheres.  

“A precariedade está a crescer, sobretudo entre as mulheres, quer em número (mais 31 mil trabalhadoras com vínculos precários face a 2022, ou seja, mais 8,7%), quer em incidência (passou de 16,6% em 2022 para 17,7% em 2023 entre as mulheres trabalhadoras, sendo de 17% entre os homens trabalhadores)”, pode ler-se no documento.

A CGTP refere também, que a precariedade laboral assume maiores dimensões entre as mulheres trabalhadoras mais jovens, continuando a ser a principal causa de desemprego, (46% em 2023), e é ainda responsável pelos baixos salários.

O INE precisa que, no 4º trimestre de 2023, as mulheres com vínculos precários obtinham 806 euros em termos líquidos por mês, o que corresponde a menos cerca de 20% do que auferiam as trabalhadoras com vínculos permanentes (965 euros) e a menos cerca de 30% do que os homens com vínculos permanentes (1.166 euros), assinala a intersindical.

“Além dos salários serem baixos, não recuperaram ainda o poder de compra perdido desde 2022”, lê-se no documento

A CGTP considera que, segundo cálculos do INE, com base na Declaração Mensal de Remunerações da Segurança Social e na Relação Contributiva da Caixa Geral de Aposentações, a remuneração média base perdeu 2,2% do seu poder de compra entre 2021 e 2023, visto que os salários não acompanharam o aumento dos preços, entretanto verificado.

A entidade sindical reforça que “para muitos trabalhadores e suas famílias a perda de poder de compra terá sido superior”, sendo que os preços dos bens alimentares registaram uma subida, mais do que a média do aumento de preços, o que serviu de base a este cálculo, acrescendo que o cabaz de referência para o cálculo da inflação não inclui as prestações para amortização e pagamento de juros dos empréstimos para compra de casa.