Um relatório divulgado, esta quinta-feira, revela que a corrupção está a facilitar o tráfico de droga no seio da União Europeia (UE), e a minar o Estado de Direito.
Este estudo conjunto, entre Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês) e a agência da União Europeia (UE) para a cooperação policial, EUROPOL, alerta par a “extrema violência” ligada ao negócio, que pressiona as comunidades locais e a sociedade.
Este relatório, intitulado ‘ Drug Markets: Key Insights for Policy and Practice’ (Mercados de Drogas: Principais contribuições para Políticas e Práticas, em português), estima que o mercado retalhista da droga, na UE esteja a valer mais de 30 mil milhões de euros, anualmente, tornando-o uma importante fonte de rendimento para o crime organizado.
A Europa, refere o estudo, está numa posição central no fornecimento e no tráfico de estupefacientes, como é sustentado pela produção em larga escalda de canábis e drogas sintéticas, e pelos enormes volumes de cocaína que chegam, provenientes da América Latina.
Os investigadores indicam que “o mercado da droga na a UE também se cruza com outras áreas de criminalidade, como o tráfico de armas de fogo e o branqueamento de capitais”.
“Alguns Estados-membros da UE registam atualmente níveis sem precedentes de violência relacionada com o mercado da droga, incluindo assassínios, tortura, raptos e intimidação”, afirmam os redatores do estudo, sustentado que estas situações ocorrem, com frequência, entre “redes criminosas, embora pessoas inocentes também sejam vítimas, aumentando a perceção de insegurança pública”.
A corrupção torna-se assim, de acordo com o estudo, “uma ameaça importante na UE”, uma vez que as redes criminosas dependem dela em todos os níveis do mercado da droga para facilitar as suas atividades e mitigar os riscos”.
Na opinião dos investigadores, da EMCDDA e da EUROPOL, “a corrupção tem um efeito corrosivo no tecido da sociedade, comprometendo a governação, a segurança e o Estado de Direito”.
O relatório sustenta também, que as redes criminosas, que operam no mercado da droga da UE, são altamente adaptáveis, inovadores e resilientes, às crises globais à instabilidade e às mudanças políticas e económicas.
Alguns exemplo dados pelos investigadores, passam pela “pandemia da covid-19, a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a ascensão dos Talibã ao poder no Afeganistão”, que obrigaram as redes criminosas a adaptarem-se, alterando rotas de tráfico e diversificando métodos.
O documento sugere aos Estados-membros, a criação de políticas para combater este fenómeno, havendo a necessidade urgente de “enfrentar as ameaças atuais e aumentar a resiliência”.
Estas sugestões passam por “melhorar a monitorização e a análise da violência relacionada com o mercado de drogas, dar maior prioridade às atividades operacionais que desmantelam redes criminosas e impulsionar a cooperação internacional”.
É também importar, e acordo com o estudo, apostar no aumento dos recursos humanos e financeiros para intervenções operacionais e estratégicas e o reforço das respostas políticas, de saúde pública e de segurança.