Os melhores pilotos do mundo abrem as hostilidades no circuito de Lusail, no Qatar, seguem-se mais 20 Grandes Prémios e as corridas Sprint ao sábado. A Argentina desistiu de organizar a prova devido a dificuldades económicas. Mesmo assim, vai ser a temporada mais longa de sempre, que passa por 17 países. De salientar a estreia do Cazaquistão e o facto de a primeira prova europeia se realizar em Portugal, no circuito de Portimão, a 24 de março. O Mundial de motociclismo integra as categorias MotoGP (1000 cc), Moto2 (765 cc) e Moto3 (250 cc), sendo que a categoria principal é disputada por 11 equipas e 22 pilotos. As corridas de MotoE (elétrica) fazem parte do programa de oito Grandes Prémios.
Esta temporada celebram-se os 75 anos de Grandes Prémios, é uma longa história que nos deu a conhecer grandes campeões como Giacomo Agostini (15 títulos), Valentino Rossi (9 títulos) e Mick Doohan (5 títulos), entre outros campeões, alguns ainda no ativo, como Marc Márquez (oito títulos). Até ao momento, foram realizados 1.015 Grandes Prémios, totalizando 3.371 corridas que consagraram 126 pilotos nas várias categorias. A Honda é a marca com melhor palmarés, tem 821 vitórias (313 na categoria principal), seguida pela Yamaha, com 520 triunfos, a Aprilia, com 297, e a MV Agusta, com 275 vitórias.
A 366 km/h!
As equipas trabalharam intensamente para apresentar motos novas, algumas com uma aerodinâmica bastante ousada, que, se funcionar, vai permitir um andamento ainda mais rápido. Recorde-se que as motos de Grande Prémio são bastante potentes e rápidas, têm mais de 270 cv e ultrapassam os 366 km/h de velocidade máxima – o recorde absoluto é de 366,1 km/h obtido por Brad Binder (KTM) no circuito de Mugello, no ano passado. Por aquilo que se viu nos testes de pré-época, as europeias Ducati, Aprilia e KTM estão claramente mais rápidas do que a Honda e a Yamaha. Os japoneses vão ter de trabalhar muito para acompanhar os mais rápidos. A novidade principal é a Trackhouse Racing, de Miguel Oliveira e Raúl Fernández. A equipa norte-americana participa nas corridas de NASCAR e agora aventura-se nas duas rodas. Destaque também para a passagem de Marc Márquez para a Gresini Racing, o espanhol pode tornar-se o primeiro piloto de uma equipa privada a ser campeão do mundo. O rookie Pedro Acosta, da GasGas, mostrou nos testes que tem velocidade para acompanhar os grandes nomes do MotoGP.
Moto de fábrica
Miguel Oliveira é o único piloto português em pista e vai tripular uma Aprilia idêntica às motos oficiais. “É um grande prazer fazer parte da família Trackhouse. A moto tem um design muito competitivo, um pacote técnico muito apelativo e as novas cores trazem boas sensações. Mal posso esperar para começar a nova temporada, onde espero obter bons resultados. Temos uma visão de longo prazo e vamos trabalhar o futuro a partir desta época. Quero ganhar experiência e poder estar com os pilotos da frente”, disse o piloto da Aprilia RS-GP24. Os testes de pré-época ficaram aquém do desejado. Miguel Oliveira começou por fazer o 21.º tempo, depois experimentou várias afinações de chassi e diferentes configurações aerodinâmicas e acabou com o 12.º tempo. “A posição não me deixa entusiasmado, mas demos um passo em frente”, admitiu.
Nos testes de pré-época realizados em Lusail, os campeões do mundo mostraram-se intocáveis. As performances, fiabilidade e estabilidade da Ducati GP24 deixaram a equipa otimista. Francesco Bagnaia foi mais rápido do que a pole position para a corrida do ano passado e o seu colega Enea Bastianini fez o segundo tempo. Após dois anos de evolução constante, a Aprilia está preparada para desafiar a Ducati. As evoluções técnicas atingiram um nível sem precedentes bem visível na aerodinâmica dianteira, mas também a nível do motor, o que dá novos argumentos a Aleix Espargaró e Maverick Viñales. Brad Binder e Jack Miller esperam lutar pelo título mundial com a KTM RC 16. A moto tem um novo conceito aerodinâmico e revelou-se equilibrada e bastante rápida. A Yamaha trabalhou bastante no motor e na aerodinâmica para dar uma boa moto a Fabio Quartararo, campeão mundial em 2021, e Alex Rins, mas as evoluções da YZR-M1 não convenceram os pilotos, que se queixaram da falta de aderência do pneu traseiro. A Honda tem um motor mais potente e uma aerodinâmica apurada que deixou Luca Marini e Joan Mir confiantes. Jorge Martin, vice-campeão em 2023, e Marc Márquez vão conduzir as Ducati privadas, mas estão entre os favoritos.