Beatriz Ângelo fez o voto que ficou para a história em maio de 1911. Hoje seria muito provavelmente uma influencer influente.
Carolina Beatriz Ângelo seria possivelmente uma influencer de sucesso nas redes sociais nos dias de hoje. Podíamos imaginar até um podcast em nome próprio, já que apenas as datas do seu nascimento e da sua morte (1878-1911) são prova de que não pertenceu ao século XXI.
Mulher à frente do seu tempo, presumimos que o nome que escolheria para o seu perfil seria apenas Beatriz Ângelo, como assim era tratada pelos seus mais próximos. Já no LikedIn apresentar-se-ia como a primeira médica cirurgiã (1902) e a primeira mulher a votar em Portugal. Passaram-se 113 anos desde a sua votação histórica, então para a Assembleia Nacional Constituinte e só resta continuar a supor como hoje contaria para os seus ouvintes do Spotify a reação dos homens à inédita presença feminina.
Certamente que a fotografia daquele 28 de maio de 1911, ao lado de Ana Castro Osório (filha do juiz que deu razão a Beatriz Ângelo, depois de a médica ter dado entrada no tribunal na luta pelo direito ao voto, já que se enquadrava nos parâmetros exigidos pela lei, invocando o estatuto de chefe de família depois da morte do seu marido), também renderia uma quantidade assinalável de likes, numa publicação com a devida localização identificada: freguesia de Arroios.
Atualmente tem o nome diretamente associado ao Hospital Beatriz Ângelo, mas é de notar o trabalho cirúrgico na luta pelos direitos das mulheres.
Dia 8 de março, o Google alerta para a comemoração do Dia Internacional da Mulher. E, a juntar a isso, num fim de semana de eleições legislativas, Beatriz Ângelo torna-se um nome obrigatório a recordar. Se talvez tivesse tido Twitter, hoje não precisaria de muitos carateres para lembrar o dever de votar.