A ULS do Oeste, nomeadamente o Hospital das Caldas da Rainha, não se conforma com a decisão da DE-SNS de suspender a atividade cirúrgica do cancro da mama nesta unidade hospitalar. O Conselho de Administração quer reverter a deliberação e pediu uma reunião com a direção executiva presidida por Fernando Araújo, mas ainda não obteve resposta. Em causa estão os meios existentes e o investimento já feito nesta valência, que serão desperdiçados, e todo um historial de referência neste tipo de tratamento, que está a ser desprezado. A direção clínica reclama que os utentes, os quais serão referenciados para a ULS de Leiria caso a deliberação produza efeitos a 1 de abril, ficarão mais desprotegidos e sem garantia de resposta.
Além disso, questiona os pressupostos que levaram a DE a suspender estas cirurgias na ULS Oeste por se basearem apenas em número de tratamentos. «Deve restringir-se o tratamento cirúrgico do cancro da mama a instituições que realizem pelo menos 100 cirurgias/ano e tenham pelo menos dois cirurgiões dedicados», determina a deliberação. Apesar de neste hospital se terem operado menos de 100 novos casos/ano de cancro de mama, consta na deliberação que os números não são determinantes: «Julgamos fazer sentido que o limite dos 100 casos por ano não seja absolutamente rígido». Em outras unidades onde foi ponderada a suspensão das cirurgias ao cancro da mama, esta circunstância foi ultrapassada com a apresentação de planos de investimento e de propostas de melhoria estruturadas. Nas Caldas da Rainha está previsto um aumento de referenciação com a criação da nova ULS Oeste, mas isso não foi tido em conta.
O hospital das Caldas da Rainha é o único da região dedicado ao tratamento do cancro de mama desde há mais de 30 anos. Esta decisão da DE-SNS implica «a despromoção dos cuidados hospitalares no Oeste, já com muitas dificuldades a vários níveis, mas até agora com uma ótima resposta na área da patologia mamária que adicionalmente constitui uma atração para a fixação dos profissionais na Instituição», declarou uma fonte da direção ao Nascer do SOL. «Numa altura em que se projeta um novo Hospital para a região não se compreende este desinvestimento», acrescentou a mesma fonte.
Além disso, é também para aqui que o IPO de Lisboa envia algumas doentes por falta de tempo útil de resposta ou por opção da utente. A ULS do Oeste presta cuidados a mais de 230 mil habitantes distribuídos por aproximadamente 1300 Km2. Mas pode deixar de servir para quem precise de tratamentos do cancro da mama.