A vitória da AD, nas Eleições legislativas 2024, só foi possível pela estratégia definida por Luís Montenegro.
Se não se tem criado a coligação pré-eleitoral da AD e Luís Montenegro não tem definido as condições em que aceitava governar, o PSD não tinha ganho as eleições e o CDS/PP não estaria no Parlamento.
Sempre acreditei que a participação do Presidente Cavaco Silva, do ex-primeiro-ministro Passos Coelho, do ex-ministro Paulo Portas e tantos outros foram uma mais valia para a AD e se não têm participado na campanha eleitoral, provavelmente a AD não tinha ganho as eleições.
A AD tem de formar um governo com ministros e secretários de estado competentes, com experiência política e governativa, que não sejam todos militantes dos partidos e que incluam cidadãos da sociedade civil já com provas dadas.
A AD deve implementar, nos próximos meses, as medidas que constam do Programa Eleitoral da AD e negociar no Parlamento, com todos os partidos, a aprovação das leis que são necessárias, bem como, o Orçamento de Estado para 2025. Quem não quiser negociar que vote contra e assuma as suas responsabilidades.
Houve também um terramoto político com o Chega a ter 1.108.764 votos (18,06%) com 48 deputados. Multiplicou por 4 os anteriores 12 deputados de há dois anos. Ganhou no distrito de Faro e elegeu deputados em todos os distritos com excepção de Bragança. Nunca pensei que fosse possível. Enganei-me.
Foi um grito de revolta por causa dos casos de nepotismo, de corrupção e dos crimes económicos e financeiros que abalaram os governos socialistas, mas também as suspeitas que existem no governo da AD na Madeira. É também por os partidos políticos não terem reformado o sistema político há muitos anos, se terem afastado dos reais problemas dos portugueses, viverem numa bolha mediática alimentada pela generalidade da comunicação social e os portugueses estarem cansados das narrativas dos socialistas, comunistas e bloquistas. O Partido Socialista foi o principal interessado em manter tudo na mesma, para assim continuar no poder, e nunca quis mudar. Nem mesmo nas outras reformas que o PSD foi propondo ao longo dos anos.
Foi a teoria do pêndulo a funcionar. Os socialistas, com a ajuda da esquerda radical e da extrema-esquerda levaram o pêndulo para um dos extremos e ele agora foi para o outro. Os partidos do centro-direita, direita e direita radical tiveram 54 % dos votos e os partidos de esquerda, esquerda radical e extrema-esquerda tiveram 41,61 %.
O crescimento exponencial do Chega, para além de ter sido inflacionado pelos socialistas e pela comunicação social, também se deveu a erros do PSD e o CDS/PP, pois deixaram de falar em temas como o combate à corrupção e à economia paralela, os abusos com as prestações sociais não contributivas, as questões de segurança, a imigração descontrolada, a ideologia de género e o patriotismo. Não pode haver temas tabus em que só o Chega fala.
O Presidente Marcelo também tem as suas responsabilidades, pois andou com a geringonça ao colo durante os primeiros quatro anos, tendo normalizado a sua actuação e permitido muitas das suas políticas erradas, que os portugueses estão a pagar caro ao fim de oito anos de governos socialistas de António Costa.
Com a votação expressiva no Chega a AD acabou por ter uma percentagem idêntica à que teve em 2022, na soma dos dois partidos, com apenas mais 236.485 votos (estão aqui os 90.000 votos a mais no ADN) e mais 3 deputados. No entanto, com mais votos do que em 2019 acabou por ter uma percentagem inferior e menos 3 deputados.
A derrota do Partido Socialista com 28,66 % dos votos e 77 deputados, valores idênticos ao de José Sócrates em 2011, foi uma humilhação para António Costa, pois resulta da avaliação que os portugueses fazem do desgoverno socialista dos últimos oito anos. Em apenas dois anos o PS deu um trambolhão da maioria absoluta de 41,68 % para 28,66%. Perdeu 486.700 votos e tem menos 40 deputados. Bem pode António Costa continuar a mentir e a inventar as suas narrativas, à semelhança do que faz José Sócrates, que já ninguém o leva a sério.
O PS tem actuado como dono disto tudo. Basta ver a frase de António Costa “Melhor que o PS, só o PS”. Achou que podia escolher qualquer outro secretário-geral que ganharia, na mesma, as eleições legislativas e seria primeiro-ministro, mesmo tendo feito o que fez nos últimos oito anos e nos últimos 20 anos. A comunicação social falava e escrevia no mesmo diapasão. É uma boa lição para todos os partidos políticos. O povo é quem mais ordena!
A maioria invisível dos portugueses que não conseguia fazer ouvir a sua voz e não via os seus problemas serem resolvidos acabou por ir votar no Chega. Também foi um cartão amarelo à generalidade da comunicação social que há muitos anos que não é imparcial. Deixaram de se preocupar com a verdade dos factos e passaram a falar e a escrever as narrativas mediáticas. Nos anos dos governos socialistas foram uma caixa de ressonância da central de propaganda socialista.
A capa do jornal Público, de sexta-feira, não é jornalismo, é propaganda partidária e levou-me a escrever ao Provedor do Leitor.
“Caiu a máscara aos responsáveis por esta capa. Não são jornalistas são comissários políticos. Ao menos que assumam as suas preferências partidárias e escrevam artigos de opinião. Não podem é continuar a escrever como jornalistas, pois não cumprem o Código Deontológico dos jornalistas.
Dizer que “AD à frente do PS, mas esquerda ultrapassa direita (sem Chega)” e “Sondagem PS, BE,CDU e Livre somam juntos 41%, contra 40% de AD e IL” é uma deturpação dos factos e de uma desfaçatez total.
Primeiro dado significativo, AD continua 6 % à frente do PS. Segundo dado significativo, há maioria de direita. Terceiro dado significativo, não há maioria de esquerda. Logo, é preciso martelar os números e então inventam o título do Público. Na esquerda incluíram socialistas, a esquerda radical e a extrema-esquerda. Na direita excluem a direita radical.
A soma dos partidos do centro-direita, direita e direita radical é 56%. A soma dos partidos de esquerda, esquerda radical e extrema-esquerda é 41%”.
A comunicação social tem de fazer um exame de consciência. Os estudos de opinião indicam que os portugueses não têm uma opinião muito favorável.
Nota:
– Os votos no ADN retiraram alguns deputados à AD, sendo o caso de Lisboa o mais evidente. Talvez em Coimbra, Viseu e Guarda também pode ter acontecido.