Sempre a consideraram «fora». Em pequena era «louca» e «histérica». Tornou-se uma mulher descontraída, leve e de sorriso fácil. Não gosta de impor nada aos outros, mas luta aguerridamente por várias causas. Raquel Tillo saiu de Portugal aos 15 anos para descobrir quem era, voltou há três anos e, apesar de se ter apaixonado por Nova Iorque e se sentir ainda uma estrangeira no seu próprio país, não equaciona voltar a ir para fora. Agora, prepara-se para subir ao palco com o elenco do musical Motherhood, que se estreia pela primeira vez no Teatro Villaret, em Lisboa, a 14 de março.
É atriz, cantora, comediante. Recentemente aprendeu a dançar… Existe alguma área que mais a apaixone? Na realidade sempre foi a área da representação que me interessou. Conhecer personagens novas, ser essas personagens, saber o que é que essas personagens sentem em vários momentos diferentes…
Mas sente que fazer tanta coisa diferente a dispersa? Ou, por outro lado, torna-a uma artista mais completa? Eu espero que me torne uma artista mais completa! Aquele pensamento de: «Tu só podes fazer uma coisa», não é verdade! Acho que principalmente nós, atores, que gostamos de ser pessoas diferentes – é isso que fazemos, conhecemos seres humanos que fingimos ser e que ao mesmo tempo habitam dentro de nós -, não devemos ter pudor de experimentar várias coisas diferentes. Quantas mais coisas nós experimentarmos mais experiências temos para colocar nas nossas personagens, no nosso trabalho, na representação. É uma mais valia estar em muitas frentes diferentes.
Porque ser ator é uma constante procura… Acho que trazemos sempre um bocadinho de nós para as personagens, mas isso é que faz um bom ator. Não acredito muito naquela ideia de ires a um casting e não ficares com o papel porque foste “mau”. Acredito que cada papel é para uma pessoa porque essa pessoa traz alguma coisa de dentro dela para o papel.
Parece ser uma pessoa bastante descontraída, de sorriso fácil, com humor. É mesmo assim? De que forma se vê? Eu acho que sou muito descontraída. Não sou muito tensa, nem muito agressiva. Levo a vida calmamente, mas também tenho um lado mais sério que gosto de guardar. Sendo que, às vezes, o mostro. Não tenho medo de partilhar, mas gosto de guardar algumas coisas mais para mim. Um lado mais intenso. Para fora gosto de ser isto… E fazer com que as pessoas se sintam confortáveis!
Ao contrário de muita gente que quis ser mil coisas em criança, a Raquel sempre quis ser artista. De onde veio essa paixão? Eu não faço ideia, mas a primeira memória que tenho de querer ser atriz foi com 7 anos. Fui ver uma peça de teatro em Londres (foi a primeira vez que os meus pais me levaram lá). Era um musical e eu fiquei fascinada. No final do espetáculo perguntei se podia ir para o palco! (risos) Claro que me responderam que não. Lembro-me de os ter chateado o caminho todo para o hotel. É a minha primeira memória relacionada com o mundo do espetáculo, mas a minha mãe diz que desde muito pequena que sempre fiz os meus teatrinhos. Eu dizia que queria ser enfermeira, por exemplo, mas sempre a fingir. Por isso a minha mãe dizia-me: «Então se calhar queres ser atriz, já que tudo o que queres ser é a fingir».
Tinha um baú cheio de roupas e obrigava tanto os seus irmãos a participarem nos seus teatros, como a família a ver… Quer dizer que isto sempre foi bem recebido pela sua família… Sim! A minha família é académica, são pessoas que fizeram um trajeto muito “normal”: liceu, licenciatura, etc. Eu sou a mais nova e não quis nada disso. Talvez houvesse medo, já que todos antes de mim viveram com essas “regras”. Um padrão… Mas o medo nunca foi das artes, nada disso! Era apenas fora do padrão e a preocupação vinha da possibilidade de eu ficar sem trabalho. Por isso, queriam que tivesse uma licenciatura caso as coisas não corressem bem. Acho que é normal para as pessoas que não estão habituadas. De repente entrar num mundo de incertezas. Mas sempre me apoiaram neste percurso!
Nasceu no Porto. Como foi a infância na invicta? Nasci numa zona de betos que é o que a minha família é! (risos) Andei num colégio inglês e sempre fui um bocadinho “fora”, sendo que eu não me considero nada “fora”. Mas sempre me senti diferente. No entanto, estranhamente, sempre foi muito bem aceite, tanto pelos meus amigos, como pelas pessoas de fora! «A Raquel é parvinha, engraçada, tonta, faz umas coisinhas que não entendemos bem». Mas eu sempre me senti bem. Eu amo o Porto, mas sempre senti que queria ir além disso. Queria ir a outros sítios. O Porto para mim é casa, mas não é “eu”.
E quem é que era essa criança? Não era hiperativa, mas era muito ativa. Os meus irmãos dizem que eu berrava imenso, queria sempre fazer coisas, mordia-os. Era louca e histérica. Acho que essa menina ainda vive em mim! (risos) Se eu pudesse também mordia as pessoas hoje em dia! (risos)
Foi a Raquel que pediu aos pais para ir para Inglaterra para um colégio interno estudar Teatro Musical. Tinha apenas 15 anos. De onde veio essa coragem? Na escola nós tínhamos teatro e eu tinha uma professora que conhecia esse colégio. Havia as aulas “normais” (que era o que a minha mãe tinha em consideração) e aulas de teatro de tarde. Comecei a ver vídeos na internet e tinha um amigo muito próximo que queria ser músico e também queria ir para esta escola. Ele falou com a mãe dele que lhe disse que podia fazer a audição. Pensei: «Se a mãe dele diz que sim, tenho de ir falar com ela, para ela falar com a minha»; aqueles arranjos que fazes quando és criança. (risos) E foi isso… Também queria fazer a audição e consegui.
O que é que mais recorda dessa altura? Como era a rotina no colégio? Complexa! (risos) Muitas pessoas acham que quando as pessoas vão para um colégio interno é porque se portaram mal. Não tem nada a ver! Foi intenso sim, mas não da forma que as pessoas acham. Para uma pessoa de 15 anos que viveu no Porto, numa zona super calma, de repente ir para Inglaterra sozinha, para um colégio interno em que acorda às 6 da manhã e se deita às 22 horas e durante todo o tempo que está acordada está sempre a ser estimulada, é intenso… Muito, muito intenso. Depois, sentes um nível de responsabilidade que nunca sentiste e que aparece muito rápido. De um dia para o outro tens de fazer a lavandaria, tens de tratar de tudo! Ficas independente. Isso para mim foi um grande impacto. Hoje em dia acredito que seja diferente, mas há 10 ou 15 anos, os professores tinham menos tato, principalmente na Inglaterra. Houve momentos em que senti que tinham essa falta de tato, mas lidei bem com isso. Agora perguntas-me: «Mandavas um filho teu para lá?». Não sei… Foi uma mudança de realidade muito grande, fiz lá os meus melhores amigos, aprendi muito. Acho que fez mesmo a pessoa que eu sou hoje!
O facto de ter muitos irmãos também deve ter ajudado na adaptação a um quarto partilhado, por exemplo… Éramos três. O nosso quarto na realidade não era assim tão pequeno, mas para quatro pessoas era. Nós de noite íamos dormir, eu esticava o pé e tocava na mão da minha colega. Era assim que dizíamos «boa noite». (risos) Eu estava habituada à partilha e também sou uma pessoa que sempre tive pouco pudor. Se for preciso despir-me aqui neste jardim, eu faço. Acho que isso me ajudou.
Era uma turma com 50 pessoas. Conseguiu encontrar o seu lugar? Acho que não, acho que não sabia onde é que era o meu lugar. Só descobri isso mais tarde… Acho que isso também foi bom para mim, porque me deu oportunidade de fazer muitas coisas antes de saber aquilo que gostava mesmo. Fui muito feliz naquela escola, mas não sabia exatamente aquilo que estava a fazer.
Mas na altura, acreditava que tudo era possível… E conseguiu estudar depois na Oxford School of Drama e Arts Educational Tring Park School. Muita gente sonha com isso… Candidatei-me para a faculdade depois de terminar a escola. E fui fazer um foundation year (um ano antes de ires para a faculdade). Um curso de um ano e depois decides se queres ficar, se queres mudar de curso. Eu não me sentia preparada para ir para o conservatório e estava numa altura da minha vida em que não sabia mesmo se tinha de ir tirar um curso. Ainda tinha isso dentro de mim… As exigências, as normas, os padrões. Decidi fazer esse ano, fizemos quatro castings para entrar. Em Oxford também ainda estava a tentar perceber quem é que eu era. Foi muito o continuar o que eu estava a fazer.
Seguiu-se os EUA, onde também estudou e onde, mais tarde, trabalhou e viveu. O mundo da Broadway é assustador? Acho que os castings têm definitivamente uma diferença grande. Aqui em Portugal na maior parte deles tu és chamada, tens uma hora ou fazes uma selftape. Lá, antes de fazeres parte da união dos atores, quando sais da escola, deves ganhar currículo para ganhares pontos (aquilo é gerido por um sistema de pontos). Os castings são muito agressivos. Tens uma lista, um papel que alguém coloca numa porta. Tens que colocar lá o teu nome… Só que eles só veem os primeiros 250. Então, as pessoas vão muito cedo para colocar o nome. Acabávamos a escola, eram 4h30 da manhã e já estávamos dentro do metro para ir pôr o nosso nome no casting. Quando lá chegávamos já estavam 80 pessoas na lista. Depois, vives a uma hora de onde é o casting, foste de metro, é de madrugada, mas o casting é às 10 horas, mais vale ficares lá a fazer tempo. Nós íamos para dentro do McDonald’s fazer cabelos e maquilhagem. De manhã, vais para estúdio e tens de esperar que chamem o teu nome, se calhar às 15 horas veem-te. É muito desgastante. E fazes castings todos os dias…
Alguma história mais marcante? Lembro-me de uma rapariga que eu não conhecia de lado nenhum que estava na mesma sala de casting que eu… Perguntou-me o que é que eu ia cantar. Fui à casa de banho e quando voltei ela tinha rasgado a minha música porque ia cantar a mesma. Lembro-me de pensar: «Esta rapariga é tola da cabeça. Como é que ela não pensa que eu sei que foi ela?». É um mundo muito competitivo e não é a nossa realidade. São 1000 pessoas para um casting, quando aqui são 40. Hoje em dia faço dois castings por mês aqui. Nessa altura, cheguei a fazer três castings por dia. Passas o tempo a ouvir «não». Até ouvires um «sim», ouviste 70 «nãos». Tens de ganhar alguma leveza.
Isso levou-a a lugares de muita frustração? Definitivamente! Pensei muitas vezes em desistir, pensei muitas vezes que não queria viver assim, que isto era muito difícil… Mas acho que isso é muito normal, porque o ser humano não gosta de rejeição e levar com ela tantas vezes não é fácil. O «não» acabou por se tornar mais leve. Hoje em dia eu levo um «não» muito mais facilmente. Estou mesmo ok com isso!
Isto tudo significa que Portugal sempre foi pequenino para os seus sonhos? Quis viver o sonho americano? Nunca foi uma questão… Aliás, hoje em dia moro cá e não equaciono sair. A não ser que fosse para um trabalho temporário. Eu senti que tive de ir para fora para ter coragem de ser eu mesma. Vivia num meio fechado e pequeno. O Porto não é Lisboa… Lá as pessoas conhecem-se, têm rotinas. É mesmo muito mais pequeno. Eu acho que muita gente não precisa disto, mas eu precisei. Embora não seja tímida, tenho uma timidez de querer ser aceite. Este lado de não querer que as pessoas fiquem zangadas, não querer chatear, impor. Sentia que por ter isso, que não conseguia ser eu mesma no meu meio. Mesmo que não fosse julgada, eu ia sentir que estava a ser julgada. «Eu quero ir ali, experimentar tudo e depois voltar e dizer: ‘Esta sou eu!’». Precisava do estranho, do desconhecido e do grande.
O que é que a cidade de Nova Iorque lhe deu? O que mais a apaixonou lá fora? A rapidez, por exemplo. Hoje em dia os meus amigos ainda dizem que eu ando muito rápido! Ando sempre 10 metros à frente de toda a gente, porque tenho isso dentro de mim! (risos) Ou ultrapasso as pessoas… Depois penso: «Que horror! Porque é que estás a fazer isto? Para!». É por ter vivido lá tantos anos e por lá existir esta “etiqueta”. Tu lá tens a cena de: «How a New Yorker walks». Eles andam de uma certa maneira na rua! Nova Iorque é uma cidade com muita gente, mas muito solitária. Conheces muita gente, mas para fazeres amigos é mais difícil. O início foi bastante solitário. Tive de conhecer as pessoas e criar uma comunidade. Dentro disso, os 10 anos que lá vivi foram cheios de felicidades, novidades. Gosto de cidades que se estejam sempre a mexer, que tenham muita gente diferente. Ninguém é de Nova Iorque e isso é muito interessante. Abriu-me muitos horizontes, fez-me conhecer muitas culturas novas. Acho que é isso que trago, uma aprendizagem de todas as pessoas que conheci.
E quais foram os maiores choques culturais? Os EUA têm alguns choques culturais que não são assim incríveis. (tom de comédia) Há armas em todo o lado, por exemplo. Isso sempre me assustou. Saber que as pessoas as têm. Isso choca-me muito. Mas assim um choque ao nível básico, que não é em todos os EUA, é mais específico de Nova Iorque… As pessoas não têm máquinas de lavar roupa em casa. Por isso, quando queres lavar a tua roupa, tens de andar com um saco, ir para uma lavandaria e ficar duas horas à espera. Isso para mim foi um choque. Depois, a maneira de ser. Embora nós sejamos um povo muito aberto, falamos com as pessoas e somos simpáticos, eles lá são mesmo muito intensos muito rapidamente. Estão no nível 10 de simpatia e mal viram costas, acabou. Foi esta interação que tiveste. A senhora do café trata-te como se fosses a melhor amiga dela. Isso confundiu-me no princípio. Pensava: «Ah! Fiz uma amiga!». Mas não… É só uma coisa cultural. Mas habituei-me.
Sente-se estrangeira no seu próprio país? Já voltei há dois anos e meio, mas sim. Na realidade, eu sempre me senti um pouco estrangeira em Portugal, porque o meu pai não é português, não é católico e então sempre houve um lado diferente em mim. Sempre falou com sotaque, havia sempre esse lado. Às vezes ainda me sinto um bocadinho estrangeira. Primeiro porque vivi desde os 15 anos noutro lugar, então faço alguns erros ortográficos e conjugo mal alguns verbos! (risos) Digo coisas que as pessoas me pedem para repetir e eu percebo que disse alguma coisa mal, mas não sei dizer de outra forma! (risos) Além disso, a coisa que me fazia sentir mais estrangeira no início era não saber quem eram as pessoas. Acho que estou melhor nisso, agora percebo quem é quem, mas ainda há algumas pessoas que me são estranhas. Ainda agora estive a fazer uma peça e um dos atores sempre que dizia o nome de alguém dizia: «Sabes quem é Raquel?».
Foi babysitter dos filhos do Ethan Hawke e da Uma Thurman. Pode contar-nos como foi entrar no universo desses dois artistas renomados? Foi natural e muito simples! Eu tomava conta dos filhos e, na maior parte das vezes, eles não estavam lá. Na realidade, a minha vida lá era vida de mãe. Ia buscar os putos à escola, íamos comer um snack, íamos à biblioteca… A oportunidade surgiu mesmo à toa. Uma amiga minha que também era atriz disse-me que fazia esse trabalho e que era bom para se conciliar com audições… Tínhamos a manhã livre… Comecei a fazer uns trabalhos de babysitting onde arranjava e, a dada altura, uma das senhoras para as quais eu trabalhava disse-me: «Não queres fazer um de segunda a sexta? Ainda por cima é um casal de atores, vão compreender a tua necessidade de fazer castings». Mandou-me para lá e eu não sabia quem eram! (risos) Fiquei com o trabalho e nunca aconteceram coisas fora do normal. Claro que tinham muitos amigos famosos e às vezes dei por mim no mesmo espaço que o Jimmy Kimmel. (risos) Mas eles tinham uma vida muito calma até!
Regressou a Portugal para integrar o elenco da Avenida Q. O objetivo era ficar por cá? Ou imaginava-se com uma carreira internacional? Embora eu tenha muitos sonhos, eu deixo as coisas irem acontecendo. Deixo que as coisas fluam. Quando vim para cá não imaginei que ia ficar, admito isso. Achei que ia ficar os seis meses da Avenida Q e que me ia embora. Foi o que eu fiz, na realidade. Voltei para lá e ao voltar percebi que queria regressar para Portugal. Estava feliz aqui.
O mundo do espetáculo e, em particular da comédia, é mais exigente para as mulheres? Sente que as mulheres continuam a ter de provar mais? Eu acredito que sim. Acho que os últimos anos têm sido muito bons em termos de comédia para as mulheres. Há cada vez mais mulheres a fazerem-no bem e as pessoas reconhecem isso. No entanto, estamos mais habituados a ouvir homens a dizerem asneiras, seja em casa, jantares de amigos… É mais socialmente aceite. Os últimos anos têm desconstruído isso, isso é ótimo. E o público tem gostado. Ver de repente mulheres a falarem de coisas que normalmente não falam! Acho que nós devemos sempre entrar nas coisas a pensar que o público é inteligente. E as pessoas identificam-se. Acho que é isso que muitas das mulheres que eu adoro na comédia fazem, um trabalho de empatia. A Mariana Cabral, por exemplo, brinca com ela mesma e coloca o público do lado dela. A Inês Aires Pereira com as personagens que vivem dentro dela… O criar empatia…
A Raquel também faz parte disso… Eu não me sinto parte de nada, mas gosto muito de ver! (risos)
É uma voz ativa na luta pelos direitos LGBTQIA+. É imperativo quebrar tabus e falarmos cada vez mais abertamente sobre orientação sexual, sexualidade, género? Sente que Portugal ainda é conservador nesse sentido? Vejo um grande crescimento. Além disso, vejo as pessoas muito abertas a falarem sobre isso, em todo o lado. Há uma aceitação muito maior. Temos sempre mais para aprender e descobrir. Acho mesmo que qualquer tipo de questão de direitos, vem com uma questão de empatia. Pensarmos no outro, naquilo que ele sente. Quando nós nos colocamos nesse lugar, é impossível não sentir empatia. Somos todos pessoas, temos todos lutas! Acho que as pessoas o fazem cada vez mais, colocar-se nos sapatos dos outros. Acho que, muitas vezes, nós falamos destes temas com uma carga tão negativa, quando poderíamos falar deles com uma carga mais leve. Isso aproxima mais as pessoas que se calhar não se sentem tão próximas ou à vontade com o tema. Estas questões LGBT não são negativas, são as pessoas a serem elas mesmas e a serem felizes. Isso é uma coisa boa. Vamos falar das coisas com leveza!
Acredito que esteja a viver um momento bonito da sua carreira, com vários projetos a acontecerem. O que é que o ‘Dança com as Estrelas’ lhe ensinou? Eu já tinha tido aulas de dança, mas não isto! (risos) Eu amei esta experiência! Desde pequena que vejo o formato inglês… Sempre adorei ver dança, nunca fui incrível, por isso, sentia-me desconfortável, mas tinha o sonho de fazer o programa. Para mim foi quase a Raquel pequenina a ver um sonho tornar-se realidade. Tinha medo de sair na primeira gala, estava cheia de medo e quanto mais tempo fiquei mais queria ficar. Nunca foi de uma forma competitiva, a experiência estava a ser maravilhosa, tão linda. Fui mesmo muito feliz!
Vai integrar o elenco do musical ‘Motherhood’. O que é que nos pode dizer sobre o espetáculo? Acho que temos uma equipa incrível! Eu adoro o Ricardo Neves-Neves e trabalhei com ele há pouco tempo. Sempre que acontece, sinto que me estou a divertir imenso. Tem um imaginário como ninguém. Ele nasceu especial. E vou trabalhar com atrizes que eu amo. Sinto-me uma bebé ao lado delas. Acho que podem esperar um musical muito divertido, leve e com muita parvoíce pelo meio. Mães e não mães podem identificar-se. São quatro mulheres, uma delas não é mãe. Vão ver o que acontece quando amigas fecham a porta e bebem uns copos de vinho. É quase olhar pela fechadura. Uma loucura.
Tem algum projeto de sonho? O que é que se segue? Não penso muito no que desejo a seguir. Penso naquilo que desejo em geral. Eu sou feliz a trabalhar, gosto de estar ocupada, fazer coisas. É um privilégio gostarmos do que fazemos. Gostava de continuar o que tenho feito. Fazer teatro, televisão, cinema e não ter pudor de fazer o comercial e o não comercial. Acho que, às vezes, há esse pudor. Não o quero ter. Tudo me traz coisas diferentes, me enriquece de alguma maneira.