Motociclismo. Campeões do mundo marcam o ritmo

O Mundial está de volta com 11 equipas e 22 pilotos preparados para dar espetáculo nas pistas de todo o mundo. A Ducati colocou a fasquia bastante alta ao vencer 17 corridas consecutivas, um recorde absoluto, o ano passado. Agora, todos querem quebrar essa  hegemonia.

O Campeonato do Mundo de motociclismo começa na sexta-feira passada no Qatar e termina em novembro, em Espanha. Durante nove meses os pilotos de MotoGP (1000 cc), Moto2 (765 cc) e Moto3 (250 cc) vão disputar 21 Grandes Prémios – igual número de corridas Sprint (ao sábado) –, e passam por 17 países. É uma temporada especial, onde se celebram os 75 anos de Grandes Prémios: é a competição mais antiga do desporto motorizado, a Fórmula 1 começou um ano mais tarde. A primeira corrida realizou-se na Ilha de Man, localizada no mar da Irlanda, em 1949. Leslie Graham (AJS) venceu a categoria de 500 cc e foi também o primeiro campeão do mundo de motociclismo. Desde então realizaram-se 1015 Grandes Prémios, num total de 3371 corridas que consagraram 126 pilotos nas diferentes categorias. Para a história ficam grandes campeões como Giacomo Agostini (15 títulos mundiais), Valentino Rossi (9 títulos), Mick Doohan (5 títulos) e outros fora de série, alguns ainda no ativo, caso de Marc Márquez (8 títulos). Entre os construtores, a Honda venceu 821 corridas (313 na categoria rainha), seguida pela Yamaha com 520 triunfos, Aprilia com 297 e MV Agusta com 275 vitórias.

Sem alterações no plano técnico, as principais novidades foram as movimentações no paddock, com destaque para a transferência de Marc Marquez da Honda para a Gresini, equipa satélite da Ducati. Outra novidade foi a chegada da Trackhouse Racing, com Miguel Oliveira e Raúl Fernández. A equipa é bem conhecida dos americanos pela presença na NASCAR e agora aventura-se no MotoGP com o apoio oficial da Aprilia. Não foi divulgado o valor para participar na segunda modalidade com maior audiência do desporto motorizado, logo atrás da Fórmula 1, mas sabe-se que foi inferior aos 40 milhões de dólares pagos para garantir um lugar nas corridas americanas.

A Trackhouse foi fundada em 2021 pelo ex-piloto norte-americano Justin Marks e teve pilotos como Kimi Räikkönen, campeão do mundo de Fórmula 1 em 2007 com a Ferrari. Chega ao Mundial com grandes aspirações e com uma visão tipicamente americana, onde o desporto, o entretenimento e a componente comercial estão fortemente ligados. «Acredito que é um dos campeonatos mais valiosos quando analisamos o preço versus o alcance, a exposição e o envolvimento global com os fãs. O valor é tão alto que foi muito fácil tomar a decisão e tentar fazer de tudo para entrar na grelha de partida. Os pilotos são estrelas e há 50 milhões de seguidores nas redes sociais e 430 milhões de telespectadores em todo o mundo, com uma assistência média de 127.000 pessoas num fim de semana. Olhamos para todos estes dados e métricas e a decisão foi óbvia», explicou Justin Marks, que adiantou ainda: «estamos comprometidos a trazer algo de novo e emocionante ao campeonato». As motos da equipa têm as cores da bandeira dos EUA numa homenagem ao antigo piloto americano Nicky Hayden.

A adaptação Miguel Oliveira à nova equipa foi fácil. «É um grande prazer fazer parte da família Trackhouse. A moto tem um design muito competitivo, um pacote técnico muito apelativo e as novas cores trazem boas sensações. Mal posso esperar para começar a nova temporada, onde espero obter bons resultados. Temos uma visão de longo prazo e vamos trabalhar o futuro a partir desta época. Quero ganhar experiência e poder estar com os pilotos da frente», salientou. Já a experiência com a nova Aprilia RS-GP24, idêntica às motos oficiais, ficou aquém do desejado. A principal diferença para a moto que tripulou em 2023 está no package aerodinâmico completamente diferente, sobressaindo o vistoso difusor traseiro. O piloto começou por fazer o 21.º tempo, depois experimentou várias afinações de chassi e diferentes configurações aerodinâmicas e terminou os testes com a 12.ª melhor volta. «A posição não me deixa entusiasmado, mas demos um passo em frente», admitiu.

A Ducati e os outros

As equipas de fábrica trabalharam intensamente com base num regulamento técnico que dominam na perfeição, e o resultado são motos verdadeiramente espetaculares, com soluções aerodinâmicas ousadas, e com características que impressionam: 270 cv e uma velocidade máxima superior a 360 km/h. Brad Binder é o piloto mais rápido da história do MotoGP ao atingir 366,1 km/h (KTM) no circuito de Mugello, em Itália, o ano passado. Os tempos realizados nos testes de preparação da nova temporada mostram que as motos estão mais rápidas e o andamento vai ser ainda mais diabólico este ano, esperemos que os pilotos sejam mais responsáveis do que em 2023, onde algumas manobras arriscadas, quase suicidas, levaram vários pilotos ao hospital, Miguel Oliveira foi, aliás, dos mais prejudicados. Por aquilo que se viu na pré-época, as marcas europeias continuam a dominar. Ducati, Aprilia e KTM foram claramente mais rápidas do que as japonesas Honda Yamaha em todas as sessões. Os pilotos da Ducati esmagaram os rivais no circuito de Lusail, onde se realiza a primeira prova. O bicampeão do mundo, Francesco Bagnaia, foi mais rápido do que a pole position para a corrida do ano passado e o seu colega Enea Bastianini fez o segundo tempo. Jorge Martin, vice-campeão de 2023, e Marc Márquez com as Ducati privadas e os pilotos da Aprilia, Maverick Viñales e Aleix Espargaró, estão igualmente entre os favoritos.