Quase 1,2 milhões de votos nas eleições legislativas, no passado dia 10, não serviram para eleger qualquer deputado, cerca de 20% dos votos, segundo um estudo do matemático Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico.
“Encontrámos 1.166.263 votos sem representatividade no país, somando os restos de todos os círculos eleitorais analisados (20 correspondentes ao território nacional). Corresponde a 19,5% dos votos válidos”, indica a análise do especialistas, citada pela agência Lusa.
O estudo foi feito à luz do método de Hondt, com base nos resultados provisórios, ainda sem os círculos da emigração, disponibilizados pelo Ministério da Administração Interna.
Para Henrique Oliveira, a falta de representatividade é mais evidentes nos círculos eleitorais onde os partidos mais pequenos não conseguem chegar ao limiar de votos necessários para obter um mandato.
“Nesses casos, mesmo que esses partidos recebam uma parcela significativa dos votos, todos os seus votos são efetivamente descartados. Isso cria um sistema no qual os eleitores de forças minoritárias votam sem representatividade”, lê-se no estudo, citado pela Lusa.
“Podemos encontrar mandatos que necessitam de muitos mais votos em certos círculos do que noutros, bem como dentro do próprio círculo”, é referido na análise, segundo a qual o PS foi o partido “mais eficiente” a eleger deputados, enquanto o PAN ficou no extremo oposto.