Sim, está a nascer um negócio na tua cabeça, Zé. Corta o mal antes que cresça! Porque está tudo muito confuso, já não sabemos o que é porca ou parafuso. Mas, o mestre de culinária sabe enfeitar a travessa e já comprou a panela de pressão para ver se nos cozinha mais depressa.
E se para tocar accordéon é preciso esticar bem o fole, o messias apanhou-os à sombra do marmeleiro e deu-lhes picada de enfermeiro – o avô sempre lhe disse que se a democracia ficasse esquinada, teria de preparar a bigorna para lhe dar martelada.
Antes de chegar a farol, começou a comentar futebol. A fintar já era artista e do Eusébio saudosista. Penálti, assinala o árbitro que é ladrão. ‘Quero chutar!’, pediu ajoelhado porque a equipa está a perder e o penálti tem de ser marcado. Antes que dessem o dito pelo não dito, ele mesmo deu ao apito. ‘Vai entrar, preparai-vos pra gritar!’ – Rio prá esquerda marada; demagogia prá direita na bancada.
Enquanto petiz ajudava à missa e já sonhava vestir a batina, mas o diabo andou a meter o nariz e mudar de paróquia foi o que ele quis. Rápido como uma perdiz, foi-lhes às canelas e direitinho ao nariz. Lá na casa da avozinha Caetana, ele já sabia a adivinha do ‘abre a pestana’: Qual é coisa qual é ela que está encolhida, mas depois vai à urna e fica mais comprida?
É simples: porque prenderam o Zé Bandido que foi julgado e perdoado e o polícia acabou condenado; porque o aluno agrediu o professor Adérito que por se defender foi suspenso após inquérito; porque deu porrada na mulher sem dó nem piedade e mandaram-no para casa com termo de identidade.
E porque foi chamada para ser operada, mas já tinha sido enterrada; e porque o incendiário foi a tribunal, mas mandaram-no para casa porque não é normal; e porque o pedófilo violador bateu asa e foi com pulseira eletrónica de férias para casa, o masterchef tudo misturou e o menu nos enxofrou.
Também sabe tocar corneta e bate palheta letra por letra. Diz que nasceu para bombeiro, mas pôs a rapaziada incendiada e os políticos de cabeça virada.
Porque a diz carcomida – só existe ele e ela -, à família chamou de falecida e quis herdar tudo o que era dela.
E como bonito, bonito, é ver o polvo frito – numa travessa especial -, a Mariazinha quer-nos na cozinha porque é o prato favorito do povo de Portugal. E, nesta pantomina de meia centena de guita fina, quem pode, pode, quem não pode sai de cima.
Deram-lhe desonras e sermões, chamou-lhes mamões e ladrões; receberam-no à marrada, cantou-lhes à desgarrada e levou-os à carrada. Não foi à taberna dos chorões, mas anunciou promoções e abriu inscrições. E o Quim, sem barreira, lá foi a apitar: ‘Vivó fundo de desemprego e ainda faço os meus biscates, mas o que mais gosto é de coçar… as partes’.
Um milhão ficou muito excitado e não tarda acaba entubado. Namorar por brincadeira dá direito a cair na ratoeira, mas vai ser uma chatice porque ele tem muita ratice. O super-ervilha já disse que, por ele, vai de carrinho e que não muda de caminho.
Canta, canta Quim Barreiros que toda a malta gosta; políticos não pagam dívidas e neste governo pouca gente aposta.
*Texto inspirado nas letras das músicas do ‘sociólogo’ Quim Barreiros.