O Papa e Cascais: uma relação duradoura

Com as palavras inspiradoras do Santo Padre, trago do Vaticano uma renovação de fé e de esperança.

A 3 de agosto de 2023, Cascais viveu um dia histórico que ficará gravado para sempre na memória coletiva. Sob a luz de um sol radioso e envolvido pelo calor de dezenas de milhares de cascalenses que o saudaram nas ruas à sua passagem, o Papa Francisco visitou a sede do Movimento Internacional Educativo Scholas Occurrentes.

A vinda do Santo Padre a Cascais era o ponto mais alto da etapa cascalense da Jornada Mundial da Juventude. Durante uma semana intensa, Cascais recebeu milhares de jovens peregrinos de todo o mundo. Cerca de 40.000 jovens espanhóis espalharam alegria, música e festa por todo o território, deixando-nos um legado de energia positiva que perdura até aos dias de hoje.

Recordo esse dia precisamente na semana em que fui recebido pelo Papa Francisco no Vaticano. Para quem, como eu, é católico, os números têm significado.

Voltando ao verão passado, o Santo Padre foi recebido em Cascais no dia 3, e mais de 3.500 pessoas estiveram envolvidas na criação de um mural de boas-vindas com mais de três quilómetros de comprimento, representando a união entre diferentes culturas e crenças. Este mural, uma obra de arte inter-religiosa, intergeracional e interclassista, rapidamente se transformou num símbolo poderoso de diversidade e inclusão fiel à nossa identidade como povo e território. Para além de ser a maior obra plástica do mundo.

Como alguns dos leitores deste texto se recordarão, o toque final neste mural foi dado pelo próprio Papa Francisco. Que, veja-se, desenhou três círculos verdes – símbolos da esperança, união e renovação.

A presença do número três – que para os católicos representa a Santíssima Trindade que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo numa única família – que tanto marcou a passagem do Papa por Cascais teve um prolongamento no tempo e no espaço.

Encontrei-me há dias pela terceira vez com Francisco, no Vaticano, em audiência, onde tive a oportunidade de apresentar os murais que, inspirados na obra coletiva original da Jornada, marcarão para sempre o espaço público como símbolo da fraternidade, da compaixão e da re-humanização. Estes murais serão distribuídos por todo o território, nas nossas nove paróquias, tocando todos os crentes e não crentes, e usando a arte como um apelo à ação.

A convite do Santo Padre, tive ainda a honra e a oportunidade de assistir à estreia do documentário sobre a passagem de Francisco por Cascais – A Vida entre Mundos, um trabalho dos jovens das Scholas Occurrentes. Este filme conta os percursos dos protagonistas da jornada, «atravessando todas as gerações e uma profunda diversidade de realidades e crenças», e a resposta ao apelo de Sua Santidade e dos jovens do mundo, para nos tornarmos responsáveis pelas nossas vidas.

A viagem a Roma não terminaria sem mais um importante e decisivo passo no aprofundamento das relações de Cascais com a Santa Sé. Reuni com o vice-reitor para a Cultura e a Educação da Universidad del Sentido, Professor Italo Fiorin, abrindo portas para sediar mais um Polo Universitário em Cascais, respondendo à crise global de ausência de sentido e re-imaginando a educação, colocando o foco na singularidade de cada pessoa e na comunidade como expressão de pluralidade.

Com as suas palavras inspiradoras, trago do Vaticano uma renovação de fé e de esperança num momento que tantos, em Portugal e no mundo, são condicionados pela imprevisibilidade e pelo medo.