O povo fez as suas escolhas, vamos começar a fase de ser dada resposta às expectativas criadas, ao sentido do protesto expresso no voto e ao facilitismo das soluções apresentadas.
Nos últimos anos, procurei responder ao desafio da representação parlamentar do Baixo Alentejo, com um enfoque especial nas questões do Mundo Rural, das marcas de identidade e do potencial produtivo que sustenta parte do desenvolvimento local dessas comunidades. Coloquei-me do lado da construção de soluções razoáveis e sustentadas, dando voz a realidades que nem sempre são adequadamente consideradas, nem sempre têm as respostas no tempo certo, o que não impede a existência de um sentido de resiliência, de sobrevivência e de futuro nas comunidades rurais. Muito caminho foi percorrido, alguns de problemas estruturais, outros de respostas ao presente e ao que queremos para o futuro.
Nos últimos anos, como presidente da Comissão de Agricultura e Pescas demos voz e espaço ao potencial da produção nacional em terra e no mar, às tradições que fazem parte da alma das comunidades rurais e piscatórias, aos bloqueios existentes e à ambição de um futuro fundamental para os desafios da procura, da soberania alimentar e da sustentabilidade. Estivemos presentes, próximos dos produtores, dos criadores, dos agricultores, dos pescadores, dos caçadores e das dinâmicas das terras, das regiões e do país.
Não tendo sido reeleito deputado à Assembleia da República, voltarei ao meu trabalho, mas não posso deixar de sublinhar a importância de que a diversidade e as especificidades do Mundo Rural possam continuar a ter voz, espaço e expressão consequente, o que, certamente não será difícil face às expectativas geradas, de soluções fáceis, recursos infinitos e facilitismo na sua concretização.
Espero que os custos dos fatores de produção deixem de ser condicionalismo relevantes; que os apoios sejam desburocratizados, apesar de Bruxelas; que os grandes, médios e pequenos agricultores possam ter a remuneração adequada pelo que contribuem para a produção nacional, as exportações e biodiversidade; que a distribuição seja mais reconhecida a quem produz; que os consumidores sejam mais comprometidos com os produtos nacionais; que as tradições sejam imaculadas; que as alterações climáticas sejam mitigadas; que a água não seja um problema; que os bloqueios na saúde, na educação, na mobilidade, na coesão social e na coesão territorial possam ser superados com investimento público como nunca e que nenhuma reivindicação fique sem resposta afirmativa, porque o novo paradigma será o de, no mínimo, tudo para todos no Mundo Rural.
Quem percorreu com ânimo e determinação o caminho da construção de muitas soluções na agricultura, nas pescas, nas comunidades rurais, na resolução de bloqueios dos setores produtivos, na valorização do produto e da inovação e na defesa das tradições, da caça à tauromaquia, só pode desejar que tudo seja mais agora. Mais fácil. Mais célere. Mais para todos.
Foi essa a expectativa criada, de que tudo era possível, de forma mais rápida e abrangente, para todos. É esse o desafio da sementeira populista que foi lançada. A colheita só pode ser, tudo que ainda não foi feito. Tudo para todos, nos territórios rurais.