Os novos Deputados à Assembleia da República já tomaram posse e entrará em funções um novo governo liderado por Luís Montenegro.
Os Portugueses escolheram um novo ciclo, com um novo governo de direita e uma maioria parlamentar de direita, de nada vale ao PCP e BE tentar escamotear a realidade dos factos ou tentar fazer crer que esta maioria parlamentar é menos legitima que a de que faziam parte no tempo da “geringonça”.
A Luís Montenegro e à AD compete governar nas condições que os Portugueses ditaram, sendo necessária grande capacidade negocial e humildade democrática. Mas para espanto de muitos, tudo isto começou muito mal na eleição do Presidente da Assembleia da República, o PSD demonstrou uma ingenuidade e amadorismo político confrangedor, fruto da arrogância e soberba despropositadas que, mais uma vez, evidenciaram ao hostilizar o Chega.
O PS, apesar da derrota eleitoral, acabou por deixar uma marca positiva a que não estávamos habituados, as contas certas e um excedente orçamental histórico. É factual, não adianta negar ou desvalorizar a verdade, tivesse o governo socialista feito cedências às reivindicações dos Professores, Forças de Segurança, Profissionais de Saúde ou Oficiais de Justiça e certamente tinha vencido as eleições. Bem sei que o mandato ficou a meio, mas parece-me obvio que a irredutibilidade do governo em atender aos problemas das classes profissionais que referi foi fatal.
Pedro Nuno Santos, iniciou a legislatura com uma pequena vitória, conseguindo dar um sinal de responsabilidade democrática ao País e garantindo um Presidente da Assembleia da República socialista para metade do mandato. Digamos que foi uma “jogada de mestre” perante a falta de capacidade negocial demonstrada por Luís Montenegro.
Ao novo líder da oposição, compete ser oposição responsável, sem nunca ser moleta do governo para o que quer que seja. Um bloco central seria sempre prejudicial à nossa democracia, PSD e PS terão que ter sempre papeis diferentes em cada legislatura, a não ser que queiram ser ultrapassados pelo Chega. Não deve ser o PS responsabilizado por qualquer foco de instabilidade política, tal como o PSD não o foi no passado recente. Cada um dos partidos deve desempenhar o papel que lhe compete.
O novo governo do PSD tem agora a possibilidade de agradar a muitos Portugueses, respondendo às reivindicações de muitos profissionais ou baixando a carga fiscal que sobrecarrega a vida dos Portugueses. Montenegro, felizmente, não teve a herança de Passos Coelho, bem pelo contrário, cabe-lhe agora governar bem e sem desculpas.
O 1º Ministro indigitado, ao contrário do péssimo sinal que deu ao País no início dos trabalhos na Assembleia da República, terá de promover consensos, ouvir todos e aplicar o seu programa eleitoral, acolhendo sugestões de outros partidos que lhe deem suporte parlamentar, como por exemplo um combate eficaz à corrupção e, nessa matéria, deve exigir que o exemplo venha de dentro do seu partido. Impondo Tolerância zero para a corrupção!
Se insistir em ignorar e acicatar o Chega, não só contribuirá para o seu crescimento como colocará em causa a estabilidade governativa.
Continuo a achar que o Presidente da República se precipitou ao convocar eleições antecipadas, mas o tempo dirá se o seu enorme contributo para este novo ciclo político será benéfico para Portugal, eu não acredito, mas espero estar errado.
Fernando Camelo de Almeida