A Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (Deco) defendeu esta quarta-feira que os municípios do Algarve devem criar linhas de apoio para permitir que os consumidores adquiram equipamentos para poupar água e combater a pobreza hídrica.
A Deco defende que as autarquias devem encontrar fórmulas de financiamento para apoiar a aquisição de equipamentos que favoreçam a redução do consumo, em vez de apostarem em subidas das tarifas, como inicialmente anunciado. Esta subida aumentaria as dificuldadades económicas que as populações já sentem.
A Deco é favorável e considera necessário introduzir medidas para poupar recursos hídricos que estão em situação de escassez devido à seca que atinge o Algarve. A associação salienta a importância de os consumidores terem acesso a equipamentos que lhes permitam aumentar a poupança e monitorizar os consumos que fazem nos seus domicílios.
“Poupar água não deve pesar no bolso dos consumidores. Muitas medidas se têm falado, e relativamente aos consumidores têm-lhes sido pedido que fechem a torneira, volta e meia ouvimos aqui falar da possibilidade de aumentar os tarifários da água, mas a Deco entende que este não deve ser, para já, o caminho a tomar”, afirmou Susana Correia, da Deco Algarve.
À agência Lusa a jurista advertiu que “os consumidores não têm forma de se tornar mais eficientes no uso da água nas suas casas” e, por ocasião do mês do consumidor, que se assinala em março, a Deco “assume como prioridade garantir que ninguém deve ser deixado para trás” no combate à escassez hídrica.
“E, para isso, estamos a apelar aos municípios algarvios e à Comunidade Intermunicipal [AMAL], que criem linhas de apoio ou promovam compras coletivas destinadas especificamente à compra de equipamentos, dispositivos, soluções que permitam que os consumidores possam nas suas casas utilizar água de forma mais eficiente, monitorizar o seu consumo e também armazenar águas pluviais”, adiantou, .
Susana Correia disse ser necessário, “além de se pedir às famílias que poupem água”, que se possa “poupar na carteira das famílias” e elas possam dar “um verdadeiro contributo” para reduzir o consumo de água na região. “O que nós propomos é, efetivamente, lançar o debate e abrir aqui uma porta de discussão”, argumentou.
O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 05 de fevereiro, tendo o Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.
A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.
O Governo admite elevar o nível das restrições, declarando o estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes.