Longe vão os tempos em que os jornais aproveitavam o 1 de abril para lançar o leitor na caça à mentira, pensada propositadamente pelas redações para assinalar o dia. Reza a lenda que a data tem origem no reinado de Carlos IX da França, no século XVI , por altura da mudança para o calendário gregoriano. Poderiam levantar-se várias questões sobre a veracidade da história não fosse o próprio dia uma peta, mas não é mentira nenhuma que algumas das histórias inventadas graças à ocasião ganhavam repercussão mundial – desde transferências de jogadores a proezas assinaláveis.
Mas os tempos mudaram e os termos também. Se a mentira deixou de ter dia, prova disso mesmo foi a necessidade da criação dos segmentos de verificação de factos, que se tornaram populares, em muitos casos sobre informação difundida e partilhada pelas redes sociais. Mas não só.
Nos últimos tempos também a inteligência artificial já veio mostrar a contribuição que pode dar para fazer crescer uma fake new.
Mas nem tudo é invenção, apesar de nalguns casos muitos preferirem acreditar que só se pode tratar de uma mentira do 1 de abril.
E exemplos na última semana não faltaram. Como o anúncio de Kate Middleton sobre a luta contra o cancro, que deixou o Reino Unido em choque.
Noutro plano, se a eleição do presidente da Assembleia da República pode ter sido vista como algo inacreditável, ainda assim foi a notícia sobre a libertação de Dani Alves – acusado de agressão sexual, pagou uma fiança de mais 1 milhão de euros – que causou mais perplexidade.
Também a queda da ponte de Baltimore, após um navio cargueiro ter embatido num dos pilares da estrutura, foi uma tragédia real.
Só a notícia de que as obras da Sagrada Família ficarão concluídas em 2026 (assinalando o centenário da morte de Gaudí) poderia ser digna do próximo dia 1. Até porque mesmo algumas mentiras vieram a confirmar-se com o tempo. E embora os próprios catalães não acreditem que o prazo vai ser cumprido, falando-se de um templo católico também não estão autorizados a perder a fé…