Desde a adolescência que ameaçava que iria suicidar-se. Cumpri-lo ou não só dependia dele: a 5 de abril de 1994 Kurt Cobain não apenas injetou nas veias uma dose mortal de heroína como, antes de esta fazer efeito, disparou um tiro de carabina na cabeça. O corpo foi encontrado dois dias depois na garagem de sua casa por um eletricista. Como notou Vladimiro Nunes, editor e tradutor de Mais Pesado que o Céu – a biografia definitiva de Kurt Cobain, de Charles R. Cross, «ele idolatrava os The Who, que são muito conhecidos pela canção ‘My Generation’, em que dizem ‘I hope I die before i get old’».
Já antes o vocalista dos Nirvana vinha dando sinais preocupantes. Apesar do sucesso estrondoso da banda, cujo álbum Nevermind havia destronado Dangerous, de Michael Jackson, Cobain tentara o suicídio durante uma digressão em Roma, em março. De regresso a Seattle, as coisas não haviam melhorado. «Tinha o desespero, e não a coragem, de ser ele próprio. A partir do momento em que fazes isso, não há fracasso possível», sentenciara um pastor evangélico que o acolhera em sua casa. «Mas para o Kurt não importava que os outros gostassem dele. Ele é que não gostava o suficiente de si próprio». Apesar de ter apenas 27 anos à época da sua morte, Cobain criou um estilo que perdura e deixou canções que integram o cânone do rock.