Montenegro recebe “caderno de encargos” das ordens profissionais da Saúde

O documento, que resulta de uma reflexão conjunta de nove ordens profissionais, é assente numa visão partilhada e num consenso para um futuro de “uma só saúde”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recebeu, este domingo, um conjunto de propostas, de nove ordens profissionais da Saúde,  para melhorar o contexto atual da Saúde Humana, Animal e Ambiental, priorizando a prevenção da doença, os profissionais de saúde e os cuidados primários.

No dia em que se assinala o Dia Mundial da Saúde, as ordens profissionais, numa iniciativa inédita, elaboraram um documento, que resulta de uma reflexão conjunta, assente numa visão partilhada e num consenso para o futuro de “uma só saúde”.

Os profissionais de saúde, consideram como prioritário a promoção da saúde e a prevenção da doença, um maior investimento na literacia em saúde e na saúde mental ou a valorização dos profissionais de saúde.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, explica, citado pela Lusa que: “Entendemos que havia pontos de convergência e um deles precisamente tem a ver com a ideia de ‘One Health’ [uma só saúde], que agrega aqui todas as ordens profissionais porque integra a saúde humana, que diz respeito à maioria das ordens deste grupo, mas também a saúde animal e a saúde ambiental e climática”.

Esta missiva, explica o responsável, que foi subscrita pelas ordens dos médicos, enfermeiros, farmacêuticos, dentistas, psicólogos, veterinários, nutricionistas, fisioterapeutas e biólogo, pretende mostrar, no Dia Mundial da Saúde e “no momento que o país está a atravessar”, que estão disponíveis para auxiliar o Governo.

“Este é um documento positivo, que, por um lado, traça alguns problemas, traça também um caminho e coloca estas ordens à disposição para apoiar o Governo nas medidas que terá de implementar, que terá de seguir aqueles eixos que traçamos, nomeadamente na área da literacia, da promoção, da prevenção em saúde e do respeito pelos profissionais de saúde, pelas justas reivindicações e expectativa de carreira”, prosseguiu Carlos Cortes.

Os profissionais, no documento, citado pela Lusa, reconhecem e valorizam “os esforços contínuos para melhorar a Saúde e o bem-estar dos cidadãos”, contudo, afirmam estar com alguma “apreensão” a observar “problemas de organização e suborçamentação que se traduzem na manutenção de desigualdades sociais e territoriais no acesso a cuidados”

“Os modelos de resposta são ainda burocratizados, por vezes não desmaterializados e pouco integrados, com uma força de trabalho escassa e insatisfeita, com o encerramento de serviços e tempos de espera que não garantem respostas de saúde céleres ou atempadas, e um conjunto de áreas críticas com necessidades não atendidas”, lê-se na nota, que admite que este cenário “compromete o acesso equitativo e universal aos cuidados de saúde, apenas possível através da garantia da sustentabilidade e eficácia do SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.

Para o signatários da missiva, é urgente transformar a promoção da saúde e a prevenção de doenças, “numa prioridade estratégica máxima”, com medidas e programas específicos direcionados à promoção de estilos de vida saudáveis e à gestão autorregulada das doenças crónicas, assim como promover a literacia em saúde, incluindo a saúde animal, com campanhas de sensibilização, envolvendo profissionais das diversas áreas.

As ordens profissionais reconhecem que é urgente, valorizar os profissionais de saúde, promovendo a sua participação na gestão e na organização das estruturas de saúde, criando assim condições que facilitem a a progressão na carreira e a fixação em zonas onde são mais necessários.

A missiva realça ainda a urgência no investimento na área da Saúde Pública e na Saúde Mental, através do aumento de  número de profissionais nos Cuidados de Saúde Primários e a sua presença nas equipas multidisciplinares.