Liga dos Bombeiros defende criação de carreira para voluntários

E alerta que “serão tomadas medidas” caso não haja resposta “daqui a 15 dias ou três semanas”.

A Liga Portuguesa dos Bombeiros alertou esta quarta-feira, dia em que se comemora 120 anos do associativismo neste setor, que é essencial criar uma carreira para os bombeiros, algo que representa uma “gravíssima lacuna que se regista há mais de 17 anos”.

O Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Antunes referiu, citado pela Lusa, que: “A Liga faz 120 anos de associativismo. Vamos utilizar essa data para chamar a atenção de todos os políticos do país para a absoluta indispensabilidade de criar uma carreira e um estatuto remuneratório para os bombeiros (…) que têm um contrato de trabalho e que, até hoje, não foi possível realizar, apesar de, desde 2007, haver uma intenção de uma lei”.

A Liga, que é o fruto da primeira Federação dos Bombeiros, criada a 17 de abril de 1904, quer “chamar atenção” junto do Governo e dos municípios, e pede que seja publicado um “instrumento legal” que dê aos bombeiros, a “dignidade que qualquer trabalhador deve ter”.

Para o responsável, a “não existência de carreiras, faz com que não haja retenção de bombeiros”. “Se há uma empresa ou se há um serviço que procura uma mão-de-obra que pague mais, naturalmente que os bombeiros ficarão voluntários, mas não assegurarão o serviço diurno, que é aquilo que nos interessa”, refere, alertando que existe a possibilidade de certas missões dos bombeiros poderem ficar comprometidas.

O melhor, defende António Antunes, é “resolver já os assuntos”, sendo que “pode haver um momento em que alguém há de tomar atitudes mais drásticas que obrigam a resolver”.

“Sempre foi assim. Quando existe um problema, não vale a pena pensar que esse problema desaparece. Se esse problema não existe, ou quando existe, mais cedo ou mais tarde, ele vai estar em cima da mesa. E, neste momento, os bombeiros começam a ficar saturados. E, portanto, é melhor que antecipadamente se consiga resolver esse problema antes que haja um problema maior”, informou.

O Presidente da LBP, apesar dos avisos, está confiante de que haverá um diálogo com os responsáveis políticos, “por forma a encontrar um mecanismo que satisfaça os bombeiros”, tendo já sido pedida uma reunião com o novo Executivo, mas ainda não obteve resposta.

“É normal que seja necessário mais algum tempo. Nós daremos mais algum tempo e depois logo veremos. (…) A partir de agora, toda a gente sabe do problema. Portanto, em conjunto, temos a obrigação de o resolver”, sustentou.

Apesar de admitir esperar por uma resposta do Governo liderado por Luís Montenegro, António Antunes avisa que “serão tomadas medidas” se não receber nenhuma informação “daqui a 15 dias ou três semanas”.

Os bombeiros, à semelhança de muitos outros profissionais na área das forças de segurança, saúde e educação, defendem a valorização da profissão e a criação de uma carreira para os bombeiros voluntários.

Recorde-se, que a ministra da Justiça, Rita Júdice, irá reunir-se, esta terça-feira, com os guardas prisionais, depois de o Governo, na semana passada ter reunido com os Polícias, e estar a negociar a recuperação do tempo de serviço com os professores.