Padre Mário Rui aponta dedo a Comissão Diocesana

Pároco de S. Nicolau culpa Comissão Diocesana pelo processo ‘calunioso’ a que foi sujeito.

Após ter sido declarado inocente pela Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, o pároco de S. Nicolau, padre Mário Rui, leu no final da Eucaristia do passado dia 15 uma mensagem dirigida aos seus paroquianos com o propósito de pôr um «ponto final num processo moroso, sofrido e vexatório para o qual fui arrastado». Mário Rui Pedras foi um dos quatro padres do Patriarcado de Lisboa suspensos do exercício de funções por terem sido acusados de abusos sexuais de menores e só agora foi considerado inocente. O Patriarcado declarou na passada segunda-feira que o pároco «deve ser tido por inocente de tudo quanto lhe foi imputado e considerado para todos os efeitos como não tendo praticado os factos em causa». Na mensagem dirigida aos paroquianos, o padre Mário Rui dirige uma forte crítica à atuação da Comissão Independente (CI) e à Comissão Diocesana (CD). «A CI, na sequência de um estudo encomendado e financiado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), tratou este assunto com uma ligeireza inaceitável: a apresentação pública do seu relatório, feita com pompa e destaque mediático, com vertentes teatralizadas, foi apenas a face visível de um trabalho carente de rigor, pouco sério e, portanto, nada fiável, num quadro não consentâneo com a gravidade das matérias em análise». Mas vai mais longe. «Ao incluir o meu nome, de forma leviana, no seu relatório final, sem ter feito qualquer esforço de validação da sua plausibilidade, a CI, ante uma denúncia caluniosa (…), tornou-se cúmplice da respetiva calúnia que, por seu intermédio e exclusiva responsabilidade, não só alcançou de imediato uma escandalosa projeção nacional, como acarretou, para mim próprio, gravíssimos danos reputacionais».

Quanto à Comissão Diocesana, o sacerdote não deixa nada por dizer, acusando-a de ter abdicado «do que lhe seria exigido perante uma denúncia sem qualquer verosimilhança e recomendou, de forma grave e negligente, que se fizesse uma investigação com o concomitante e ilegítimo afastamento do exercício público do ministério». E acrescenta: «A CD, porventura mais preocupada com a pressão mediática e a opinião pública do que com a justiça e a verdade, converteu a presunção de inocência na suspeição da culpa alegada». O padre Mário questionou ainda o método adotado pela CI: «Com um método em nada rigoroso, não escrutinado e não verificado, qualquer pessoa poderia ter sido acusada por um qualquer caluniador». O sacerdote conta que procurou «identificar o autor desta calúnia» recorrendo a meios judiciais, mas sem qualquer sucesso. Concluindo, por fim: «Face à conduta da CI e à opção da CD, bastaria que alguém se dedicasse à atividade criminosa de denunciar – o que seria uma coisa simples, acessível e sem qualquer sanção – para que todo o clero ficasse em risco de afastamento do exercício público do ministério».

ines.pereira@nascerdosol.pt