Desenvolvamos o tema da semana passada, o da fundamental relevância que assumem as eleições para o parlamento europeu do dia 9 do próximo mês de junho. Eleições, escrevemos então, bem mais importantes do que as últimas, ou as próximas legislativas. E por uma razão bem simples: Porque é hoje em Bruxelas que se está a desenhar o futuro de todos nós. É lá que, nos próximos cinco anos, se irá decidir, de uma vez por todas, se continuaremos a ser senhores do nosso destino ou se o iremos abandonar nas mãos anónimas de um exército de autómatos sem rosto controlados a partir de algures, não sabemos por quem.
Nessas eleições, em Portugal como nos restantes países da União Europeia, estarão em confronto duas visões da Europa. Duas visões inconciliáveis porque radicalmente distintas uma da outra:
Primeira visão, a de uma Federação Europeia, uma Europa da qual desaparecerão, como tal, as diversas nações bem como aquilo que entre si as distingue. Uma Europa de súbditos indiferenciados, desenraizados, sem referências e sem passado, teatro de fantoches movidos por longos cordéis, uma Europa onde tudo tem um preço e nada tem valor. Não tem valor a vida (quantos menos melhor) não tem valor a morte (quantos mais e mais cedo melhor), não tem valor a liberdade, seja a de acreditar, seja a de duvidar, seja a de negar. Esta é a Europa do cancelamento e da censura, do Digital Services Act, das redes sociais domesticadas, dos mass media comprados e dos políticos vendidos. Uma Europa, finalmente, que se integra na aparência, mas que se desintegra, a olhos vistos, na sua substância.
A segunda visão é a de uma Europa das Nações em que a especificidade, autonomia e independência de cada uma dessas nações é respeitada. Nações interdependentes e colaborantes, mas que continuam senhoras do seu próprio destino. Esta é a Europa da liberdade e das liberdades, a Europa multimilenar, nascida na Grécia, expandida por Roma e consolidada, revivificada pelo Cristianismo. A Europa das Nações, das diferenças e das liberdades, a Europa das famílias, das raízes, das estórias em comum, dos mitos partilhados, dos heróis trágicos de Wagner, dos contos de infância de Grimm, do solstício de inverno e da árvore de Natal, do Deus que salva e dos deuses que condenam, dos filhos bem-vindos e dos velhos respeitados.
E não, não é uma visão maniqueísta. É a realidade. Porque saber discriminar a realidade, de forma precisa e bem clara, no meio de um mundo de sombras e de aparências é, também ela, uma virtude da velha Europa e dos velhos europeus.
Mas, tão grave quanto a perda de identidade que a agenda da senhora von der Leyen comporta, é a ruína da classe média europeia que a chamada ‘transição climática’ e/ou ‘ecológica’ um dos pontos fundamentais dessa agenda está a causar.
Desde a destruição da agricultura e a ruína dos agricultores europeus, até à destruição do tecido industrial causada pelo custo faraónico das energias ‘alternativas; desde os automóveis acessíveis impedidos de circular nas cidades, até à carga fiscal esmagadora necessária para pagar toda essa, e muita outra, quinquilharia ideológica vendida pelos idiotas úteis manobrados por quem ganha com o negócio é todo um rasto de destruição a que não podemos assistir sem reagir.
E, reagir, é ganhar o peso suficiente no Parlamento Europeu para poder inverter este seguro caminho para o desastre.